sábado, 11 de fevereiro de 2012

SÁBADO 11-02-2012

Feliz DIA DA FELICIDADE!!!!

Ode

Ó Eterna Musa
dos meus tristes olhos
por colinas vejo-te estendida,
como Minhota saia aos folhos


Uma Flor agora és, cresceste
da semente pela Condessa lançada
foste Espada d'El Rey em riste
e Capital da Pátria Anunciada


A tua alta e bela encosta
Outrora Monte de Catarina
com uno privilégio assistiu
ao erguer da Muralha Fernandina 


Verdes, estes Campos guardam
os ditosos filhos da Memória,
guardiões são desse vivo Templo
que é a tua gloriosa história


E só por ti me espanto
Guimarães, a Sempre Imortal, 
Olho-te agora com renovado Encanto
És Altar, o de Portugal

Paulinho Cesar Fernandes Gonçalves 

 
Adivinho-te porque te sei

Quando na noite
irrompem os teus passos
há um cantar de água
latejam árvores
o sangue alvoraçado
a terra aberta
à vertigem do fogo
e ao frémito dos dedos alucinados
adivinho-te o caminhar
no rumor do vento
na evanescência da luz
nos contornos adormecidos dos muros
sei-te o sabor
medronhos silvestres
doce veneno
que me embriaga
e incendeia
sei-te os caminhos
onde transbordam os rios
e se alteiam as marés

adivinho-te
sei-te
moro dentro dos teus olhos

Clara Maria Barata


ah estes dias de magia

ah estes dias de magia
suprema
de nada fazer
para erguer um poema

isto é que é vida

chegar ao meio da ponte
e respirar um verso
um só verso que seja
mesmo que poluído empoeirado
com peixes brilhantes
mas mortos
no rés do chão de um olhar

ou percorrer as mãos pelos bolsos
inventando um buraco
para que nos enfiemos
lá dentro inteirinhos
quando o penteado
o vento nos estraga

pior seria ser mordido
neste banco de jardim
pela dentadura
do mário cesariny
que saltara à má fila
de um dos seus versos

mas hoje
hoje estou com sorte
é de facto o meu dia o meu dia
fuzilei uma aranha
mas com requintes de malvadez
está morta
e estando morta
dizem que é dinheiro à porta

e a fortuna aqui está
ei-la em todo o esplendor
é imensa
extraída de um poema
do camilo pessanha

e há que fumá-la com urgência
como quem cria nuvens
um pássaro um cachorro um elefante

realmente
o céu é para os doidos
e a terra
para os que não têm cura

mas isto é que é vida

um copo de alfred jarry
para imitar o absinto

um beijo traiçoeiro de jesus
na face de judas

um poeta escrito
por um poema

e vejam é puxado
um cavalo
por uma carroça

e vamos todos para a choça
se continuarmos
a dizer que pisamos as beatas
à porta da igreja

mas isto é que é vida

ah estes dias de magia
suprema
de nada fazer
para erguer um poema

e chegar à tasca
e o copo de vinho ser pago
à maneira
peculiar do luiz pacheco

e sairmos
para a avenida atrás da albertina
a varejeira em fuga
do alexandre o’neill

e por fim adormecer
com um poster da playboy
para aquecer os pézinhos

Xavier Zarco 


As gavetas do meu armário

Foi por ti que abri as gavetas do meu sentir
e me sentei a olhar!
Já não me lembrava da ultima vez que as abri…
Encontrei coisas que pensei já nem existirem,
encontrei pensamentos que não queria repetir
e encontrei momentos que me fizeram rir.
Coisas que antes não tinham sabor, agora  eram  deliciosas
coisas sem cor, ganharam brilho.
E o melhor de tudo,
foi poder sentir aquele  odor forte da vontade de ser feliz!
Agora que fechei de novo a gaveta,
Fecho os olhos e sorrio de prazer.
É sempre bom ter quem nos faça remexer nas  gavetas!!!

Filomena Curto


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


SEXTA FEIRA 10-02-2012
Bom dia e bom fim de semana

Ficará a saudade

Dás!
mas porque dás afinal?
se por bem ou se por mal
isso nunca o saberás…

Sabes
que deste tudo que tinhas
e que o voo das andorinhas
é o trecho que não sabes

Voaste
para longe ou para perto?
sei que no meio do deserto
não se perde o que sonhaste

Porque o sonho
mesmo num canto difuso
seja corpóreo ou confuso
é algo de que disponho

Hoje não tento
apanho o que me enche a alma
seja com raiva ou com calma
será meu se for de alento

E a verdade
se atina ou não? Não sei…
faz parte do que sonhei
morrerá breve… mas ficará a saudade!


Ana Claré

O NOSSO FUTURO

Um dia
Todos os anjos do universo
Vão permitir que a nossa vida seja um simples verso
Ou o mais belo poema
Que alguém teve a ousadia de escrever
Um dia
Quando as madrugadas
Forem feitas de mel
Os nossos corpos serão vestidos de uma só pele
E toda a distância causada pelo mar
Não será mais do que uma ilusão
Um dia
As garças vão coreografar para nós
Um bailado feito de perfeição e de felicidade
Num céu tecido de serenidade e de coragem
E onde só haverá sol com a nossa imagem
Nesse dia
Acordaremos a sorrir
E adormeceremos a cantar
As canções que o tempo nos diz em segredo
Haverá rosas perfeitas na nossa mesa
O chão que pisarmos será feito de eterna beleza
E riscaremos dos dicionários a palavra medo
Nesse dia
A brisa que me tocar nas faces terá o teu cheiro
E o chão que pisarmos será feito de veludo
O meu olhar será o teu olhar
Pois nada é mais verdadeiro
E de nada mais precisaremos porque então teremos tudo
Nesse dia
As fadas que orientam o caminho dos felizes
Serão a nossa luz e a nossa exultação
Brindaremos ao tempo todo o tempo que nos deu
E com as cores que ainda não foram inventadas
Pintaremos no céu as nossas mãos dadas
E delas sairá o nosso amor para ser espalhado
Pelo tempo feliz do futuro, em cada dia.

José Luís Cordeiro
AVÓ
 Eras tamanha ,Avó, dentro do teu mundo tão pequeno.
E eu gostava tanto de te ver a esticar as palavras
e a dobrá-las em mil pedaços para acudires a tudo.
Que bem eu entendia o teu sacudir de braços,
O teu dizer mudo, o teu olhar profundo…
Avó, sabias que o teu mundo era e meu mundo?
Hoje, Avó, eu tinha mil palavras para te dar,
Frias…vazias…
Sabes porquê?
Tu levaste contigo a única palavra quente
Que em nós havia.
O meu mundo cresceu e as tuas palavras
Gelaram no frio da noite.
E eu, Avó, fiquei sem ti…
A olhar a vida lá do fundo.
Queria tanto aprender contigo,
Ter-te de volta aqui…
Avó, sabias que o teu mundo era o meu mundo?

Maria da Fonte
 DÁDIVA

Amar é também
sentir a dor que ao outro dói,
ter no coração a tristeza
que ao outro invade ou
a angústia que o desalenta,
é o viver também sofrido
do sofrimento alheio,
fazer nossa a preocupação
que ao outro desassossega.

Amar é também
saber estar presente
mesmo que distante,
oferecer o ombro amigo
sem que sequer nos peçam,
dar conforto e aconchego
só porque dar é parte de nós,
é receber de braços abertos
o que ao outro inquieta.

Amar não é tão só
ser amante fogoso
e companheiro que apraz
em momentos de devaneio,
parceiro de momentos lúdicos
e cúmplice de brincadeiras,
nem só um sorriso presente
numa partilha natural
quando o outro já sorri.

Amar é Dádiva,
é dar o que tens em ti,
e ficar com vontade de dar
até aquilo que não tens.

Celso Cordeiro


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

QUINTA FEIRA 09-02-2012
Bom dia, com muita POESIA

 Estrada da Vida

Calcorreei Vales e Serras
Vi Florir Amendoeiras e Videiras
Semeei e apanhei Batatas
Senti o cheiro da terra trabalhada
Passei por Aldeias e Cidades
Vivi em aglomerados e lugares calmos
Passei por zonas que não conhecia
Não esqueci o comportamento das suas gentes
Tornei-me sonhador
Romântico por natureza
Vivendo para o Amor
No meio da incerteza
Passei por fontes que corriam
Bebendo da sua agua cristalina
Confiei e desconfiei De posturas e sentimentos
Caminho no meio da solidão
Vendo a indiferença dos outros
Teimosia talvez não
Modo de Viver ou querer
Que a Vida não nos molde
Para que nosso rumo possamos decidir
Porque tudo se semeia e tudo se colhe....

António Augusto 


O OUTONO CANTA NAS ARRIBAS

Gosto de voar mundo, mas é aqui
que o Outono veste a minha alma de carmim.
É aqui que o rio e as aves
 escrevem a divinal harmonia
que a natureza desfolha dia a dia

Gosto do Outono que canta nas arribas
e leva ao rubro até os arbustos mais rasteiros.
Num olhar de ave  fico a planar extasiada
sobre um vale que, como a vida
ora se espraia, ora se esconde e serpenteia.

Na sensualidade perfumada do vento
gosto da dança de ave feiticeira
sobre um leito esverdeado de emoções.
Gosto dum rio que se espelha de encantos
e dos versos que escalam íngremes  ladeiras.

Teresa Almeida




Uma conversa com o tempo!...

Sentei-me à mesa do tempo
para com ele conversar.
Disse-me ele: - Fala depressa,
tenho muito pouco tempo
para contigo falar!...
Disse-lhe eu: Só tenho
uma pergunta, tempo:
Porque só andas para a frente
e nunca andas para trás?!...
Disse-me ele: - Olha servo,
já estou tanstornado,
se andasse para a frente e  para trás
tu nunca andavas atrasado!...
Disse-lhe eu:
Maldito sejas tu, tempo,
isso é ser mau tempo,
isso não se faz!...
Disse-me ele:
- Acabou o teu tempo,
já estás atrasado!...
Disse-lhe eu, conformado:
Maldito tempo,
mais valia estar calado !...

Acácio Costa




Palavras.
Nada me resta senão escrever.
Escrevo, tardiamente,
para quem quiser e puder ler
as palavras que me saem em rompantes
descontrolados, agonizantes.
Palavras inseguras mas constantes
em jorros e golfadas cativantes!
Palavras perdidas no éter
ser-nos-ão volvidas por altura das primeiras chuvadas
que este ano teimam em tardar.
Sente-se no ar a secura das folhas secas e a amargura
dos seres cansados que não conseguem respirar.
Palavras meigas, sussurrantes murmuradas aos ventos quentes...
Oiço-as, nos meus estados febris e escrevo-as, nos meus tempos mortos. 

Maria do Rosario Leal











quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

QUARTA FEIRA 08-02-2012


"PECULIAR DANÇA" 
Num rodopio esvoaçante ,
Num momento mágico e inebriante
De rara beleza alquímica,
Nasce a música da esperança
Propagando a ilusão mímica
De peculiar dança.

Movimento ondulante que inebria,
Pura poesia,
Música dum universo paralelo
Numa concepção algo singelo.
Libânia Madureira

Chegaste
furtiva
no espaço dos dias
no rompante
que tolda todos os
sentidos
Abocanhando-me
o sexo
sem preocupações
estéticas
como se eu
fosse fonte
de toda a tua
sede
de fêmea no cio
As tuas mãos
como garras
vestidas da minha pele
misturada de suor
e saliva de ópio
a alma na ponta
dos dedos
os dedos e a ponta
dentro de ti
Foste-te no vento
sem me pronunciares
a volta.

Paulo Nunes 

 

RETALHOS

Retalhos

Toda a semente de amor
pode crescer e dar flor
alegrias, aflições.
Curta é a vida
p'ra viver de ódios perdida,
degustar, desilusões...
perdoar rapidamente
engolir sapo ou serpente
rebentar como balões...
todo o rio tem corrente
calma e escolhos pela frente
aguenta os turbilhões...
toda a montanha tem escarpas
no cume o som das harpas
a força das ilusões...
todo o mar tem água e sal
e beleza sem igual,
choram riem, corações...
a noite pode ser escura
mas é bela e, por ventura,
precede o sol, emoções…

Renovado o dia e o vento
Perfumes de pensamento
Saudade de outras estações..

 Liceria Lobo


Tempus fugit “

Procuro-te nesta câmara escura
e observo-te no teu vagar
sonolento
com que te desnuda
o cloreto de prata do tempo

revejo-te princesa
no tule rendilhado do teu véu
a saíres ilesa dessa espuma branca
a iniciares a tempestade
de uma memória fugidia

sorris luminosa
vencedora do ocre e do salitre das casas
na marginal do céu
eu que me pensava refugiado em ti
e apenas voava com tuas asas

ali te perdi de calções e de chapéu
entre nuvens de fumo
e persegui o chilrear do teu riso
ali me perdi perdendo o teu rumo
no gesto amável e conciso

pairava o piano de olhos já cegos
o harpejo dos dedos no fim da tarde
sem alarde
e aguardavas no átrio do hotel
Yolanda da baía de “Cienfuegos”

sendo de todas e de cada uma das mulheres
onde te perdi
oiço-te os passos mulher primordial
se te ausentares para me salvar
morrerei para ressuscitar nos teus braços

Carlos Vieira-João Carreira



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


TERÇA FEIRA 07-02-2012
Boa Tarde, com muita harmonia!!!
nas areias do teu canto encontrei o teu lamento.
perguntei-te porque choras,
porque sofres porque entregas

nas marcas da areia borbulham teus pés sofridos
como anémonas delirantes num mar acorrentado
deslize de algas no corte cirúrgico de uma pedra
e nos búzios sonoros em limos traiçoeiros
encontrei a resposta ao teu sinal desaparecido.

foram-se os peixes da costa e o sal do mar ondulado
e nessas águas turvas banhas teus olhos vazios

Caminhas errante e devagar como quem sorri com desencanto

e abraças o mundo e as pessoas em ondas de um sentir que já não tens

não estás em ti nem em ninguém

calcorreias o areal imenso
que manda as algas descansarem teus pés sofridos
de um incessante caminhar
e manda aos búzios que limpem da areia as conchas que te pudessem ferir

persegues esse caminhar sem vida, eivado de dor e desencanto
e não desistes de sofrer, de apanhar na alma as tempestades vulcânicas do oceano profundo.

não sofres por amor. é por amor que sofres.
e nos ditames da razão, deixas que um esgar de alma diga a todos os que
  não percebem em ti essa intrépida insistência,
que só fazes caminho se ele for genuíno,
mas que ainda não encontraste caminhos mais suaves.

quem te poderá pedir que pares, que te ausentes dessa dor,
dessa entrega, desse amor?

respondes com o vento trágico sobre as árvores que não derrubou
e indicas o sol em cada amanhecer

esse caminhar é intenso e doloroso, sem fim nem garantia
e sempre que ouves os risos de felicidade
outra chama se apaga num fogo que se acende
em teimosas alegrias de um dia por nascer.

Daniel Cândido




Ciclos de Vida

No desalento que navega
Na sombra do dia
Há um contraluz
Turgido de esperança
Há uma espera, uma ausência
Uma entrega perdida
Na inconstância

No cair do luar
No espelho dos olhos
Há um não querer
Que bem-querer
Há um sentir que se abriga
Em torrentes de água
Um tudo-nada perder

Na inexorável ampulheta
Há um fluir de escolhos
Um partir de pedra
Na superfície dos olhos
Há um lapidar
Um almejar
E num jamais desistir

Há um Amor a encontrar…
…. Em cíclicos instantes de vida!

Ana Fonseca


 Mar Louco

Esta forma de ser,
E de estar…
Não a consigo entender;
Leva-me a questionar:
Que fiz, para te merecer?

Perdeste-te por mim,
De forma louca
Deixando-me tonto, sem rumo…
Enroscado a um amor sem fim.
Ando à deriva nesse mar…
‘Mar de paixão e emoção’

Por vezes acalma…
Mas logo se agita, ferve de emoção…
Porque o coração tira-nos a razão,..
Por tanto sofrer a distância…

Distância que atiça a musica,
e a poesia…
Apaixonados desde o primeiro dia,
Quem diria!
 
Ricardo Paiva


Porto de Abrigo

Porto de Abrigo

Para mim és um Porto de Abrigo,
chova ou faça sol,
estar contigo é um forma plena de existir.
Quando chover e fizer frio
Quero estar contigo junto à lareira,
trocando segredos, emoções
e sentir o calor dos nossos corpos
que tão bem comunicam entre si...
Nos dias de verão, serás o meu refresco,
o meu gelado preferido
com sabor a frutos tropicais e cheiro a mar!
Contigo vou a todo o lado, descobrir o prazer,
partilhar momentos de ternura e carícias só nossas!
Quero fazer-te feliz...
Assim como tu me fazes andar nas nuvens...
Quero que esse teu brilho no olhar
se perca no meu e juntos mergulhemos
num mar lindo, com ondas e momentos
únicos ... de paz e paixão, só nossos!
O teu abraço forte é o meu abrigo aconchegante!
Os teus beijos sabem a morango e chocolate
e saciam a minha fome por completo!
Anseio pelos momentos que vens de mansinho,
pronuncias o meu nome ao ouvido,
estremeço...e me dizes numa voz
rouca... Vem, estou louco por ti!
Estou aqui inteiro para ti e fazes parte do meu viver!

Bernardina Pinto


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SEGUNDA FEIRA 06-02-2012

Bom dia e bom início de semana!!
Se te inspiro amor

Se te inspiro amor, meu amor
Ama-me então inteira,
Esta noite.

Faz de mim ceifeira
De todas as tuas mágoas.

Seca teu corpo ferido,
Com minhas penas molhadas
Dentro de ti guardadas
E faz delas, calor.

O calor do desejo
De nos amarmos num só beijo
Numa dança de corpos com fervor.

Depois de nossos corpos entrelaçados
Em nossos olhares retratados
Ficará assim,
Selado o nosso amor.


Daniela S. Pereira


* * *

estar à janela e deixar

correr o olhar
sem nada sentir
sem nada pensar *


Esta é, talvez, a melhor maneira de 'estar à janela'.
Mas, também, a mais difícil.

Implica uma absoluta serenidade de espírito,
um desprendimento total das coisas,
uma libertação de si mesmo.

Até aqueles que 'nascem de janela aberta'
dificilmente conseguirão estar ali,
simplesmente a olhar ...

sem nada sentir, sem nada pensar

quem olha, sente.
quem sente, pensa.

Olha, sente, pensa e espera

à " Janela da Vida " *
 
 
António Cardoso Pinto 
 
 
SOUK

Cores
Sons
Cheiros
A tela ia surgindo…
Perfeita!...
Pinceladas cruzadas
Místicas
Mágicas!
Deambulei….
Troca de olhares enigmáticos
Rostos tisnados
Rostos curiosos
Olhei ,
Toquei,
Rabisquei-me num mundo multicolor
Senti,
Senti-me,
Senti-vos!!

Tina Tinoco


Como me tornei poeta

Noite após noite...
Venho aqui vos escrever
Alguns pensamentos meus
E sentimentos do meu ser
Escrevo o que vejo
Escrevo o que aprendi
Escrevo o que compreendi
Escrevo o que desejo
Muitos bons livros na minha vida li
Sempre gostei de ler e de escrever
Que com os quais me ajudaram a crescer
Partilho hoje convosco como aprendi
Nunca pensei que algum dia seria poeta
Tudo começou através de meras brincadeiras
E de uma menina que cativou o meu olhar
Através de suas brincadeiras e de seu bom humor
Acho-a muito inteligente e uma artista no que faz
E uma pessoa sofredora e empenhada em continuar
Nesta vida que por vezes nos prega certas "partidas"
O que lhe fez estar alerta e ciente do que é a vida.
Não sei se algum dia lhe poderei dizer isto frontalmente
Não a quero assustar, pois ela foi enganada e abusada
Com várias barreiras e muros à sua volta assim o sinto
Muito improváveis de transpor, o seu coração está ferido.
Vejo-a quase todos os dias, rio, choro, sofro com ela
E adoro o que ela bem cria, cujas criações e estados
Me inspiraram... o que me despertou um desejo e um querer
De fazer algo; criar...Ela é um grande ser, muito humana
À qual devo o que aqui sou e no que me tornei...Poeta

Marco Gomes(Funchal)

domingo, 5 de fevereiro de 2012



EU E A CULTURA
Hoje compra-se a cultura sem a digerir,
Tudo se sabe sem nada se saber.
Vem caprichosamente empacotada a pedir
Consumo imediato e com formatos para lamber.
Saboreia-se num instante e no outro o esquecimento
Adiando o (outrora idolatrado) amadurecimento.

Politicamente correcto e demasiado pusilânime
Põem-se de lado a ventura do Eu unânime
E desdobram-se as facetas personalíticas
Que se auto regulam entre as antimefíticas
Condutas e as atractivas franjas da anarquia.
Abafa-se o Eu alcoólico e reacende-se o da etnarquia,
Afaga-se o da diligência e suprime-se o da preguiça,
Arredonda-se o da borga e eleva-se o da disciplina Suíça
E exacerba-se o individual que escarnece do colectivo.
Os genes (esse depósito fulcral) não caem no respectivo
Logro e mantêm-se firmes com tanta provocação
Transmitindo a singular unidade à próxima geração

Que retoma o ciclo e se sofistica
Fraudulentamente adulterando com subtileza
A carga virgem e marcadamente apofântica.
Desta curiosa batalha não fica ilesa
A alma que se vai desforrando ao germinar
A doença no corpo estafado e pronto a minar.

Francisco da Renda
 

Sítio de Lugar Nenhum...

Volto sempre,
Ao sitio de lugar nenhum...
Onde a lua se bamboleia,
Tecendo redes de prata,
Ao ritmo de (a)mares de jasmim!
Onde os caminhos se (des)cruzam,
ladeados de horas que se escoam,~
Em linhas paralelas sem fim,
E todas a s placas indicam:
Destino... Lugar Nenhum!
Volto sempre... aos (a)casos,
Onde as andorinhas cantam beirais,
Em tempo (s)em Primaveras flor(idas),
sorvendo as brisas perfumadas,
que fustigam a árvore centenária,
sacudindo de suas vestes... folhas,
a imponência de um tempo (en)fim!
Volto sempre... ao sitio que me procura,
(E)lá tão procurado por mim!
E tanto é o (des)encontro...
Que já não sei se esse sitio,
É lugar Meu...
Se sou Eu... o Sitio de Lugar Nenhum!

Cristina Correia



 A Bolha

Desloco-me numa bolha invisível e blindada..
Rumo em direcção do Infinito onde tenho um rendez-vous...
O sentido é o da observação, do pensamento livre e vadio sem grilhetas nem amarras.
Prendo-me por vezes em emoções e obrigações próprias dos que estão vivos e por vezes demoro-me um pouco, outras um pouco mais encantado.
Gosto de rir. É a minha escolha. Aliás , para mim nem podia ser de outra maneira!
Entretanto, o Freixo da Vida
balança os ramos
numa dança insana onde se cruzam e separam inúmeras vezes,
por vezes, raramente, nem sempre, dificilmente reencontram-se...em paz.
Afinal quantas vidas contém uma?
Quantos ramos tem um freixo, qual o sabor do vento?

Fernando Lima
Digo não, ao não...

O vazio- não!
A meia verdade... também não!
A culpa pela metade...não, não e não!
Preferes a paixão ao Amor? ...não!
Preferes então o amor à paixão? 
... Também não!
Eu quero tudo de uma virada,
A mesa repleta dos prazeres mais Mundanos. 
Venha o Caos,
Apague-se-se por um instante que seja a luz da lua, continuarei a abanar a cabeça que não.
Não me tentem vergar,
Deixemos de lado as hipocrisias e pararei nessa hora com a minha convicção.
Quando a verdadeira utopia da palavra se consagrar,
Em mais do que mera negação,
Será a partir desse dia que,
Não mais direi, não ao não!!

Lina Pedro