sábado, 14 de abril de 2012

 "Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento  e o pensamento encontra palavras." (Robert Frost)
Bom Fim de Semana!!!
Oásis
Rasgo um rego fundo do mar até este seco
E a água derramando-se vem em verdes e azuis
E a vida espraia-se pelas ondulações dos dias.
No caminho tiro o sal nas areias coado
E à cidade o deixo,
Que assim o quer,
E por ele,
Que ironia…,
A própria cidade irá morrer!
Consulto a sabedoria dos anciãos
Nos sinais maiores do sol e da lua
E na discrição da noite os pormenores
Nas estrelas em que adormeço
Ao som intercalado de grilos.
Da construção,
Limpo o suor ao chegar da noite
E pelo sono abro devagar o dia seguinte.

De duas palmeiras faço duas colunas

E à entrada as coloco direitas,
Como no cais da cidade.

Depois é no sagrado deste chão regado

Que habitam os homens …


J. Rodrigues Dias
 
Livro de Amor

Todos os dias
Ali estava ele
Não estava só
Havia mais alguém
Que eu não via
E carinhosamente
Num livro mexia
Acariciava cada página
De forma delicada
Olhava depois para o céu
Como se lhe pedisse
A retribuição do gesto
Em raios de Sol
Era feliz
Eu também
Um dia aproximei-me
Desejei-lhe uma boa tarde
Ele agradeceu
Espreitei o livro
Não tinha título
Vi páginas em branco
Vi mais alguém
Que eu não via:
Eu própria
Na minha cegueira
Apaixonada por ele
Na sua cegueira
E quando lhe perguntei
O que andava a ler
Ele disse estar a escrever
O nosso livro de amor
E que lhe faltava concluir
Somente o título
Pois não sabia o meu nome
Porque o resto da história
Há muito estava escrita
No livro das nossas vidas.
Cristina Russo
 
Beijo meu
Carícias, eu, vivo a recordar.
Tal como a nossa cama, quente,
Eu nunca o irei negar
Que és gente da minha gente.

Tu, na cama deitada,
E eu, toda a noite sem dormir
Olhando para ti, sossegada,
Guardando teu lindo sorrir.

O que sentiste foi beijo meu,
Nunca te deixarei sozinha.
Tudo não passou de sonho teu.

O amanhecer te deu cor,
Vós, sempre fostes minha
E sempre terás o meu amor.

Francis Raposo Ferreira
 
APRENDÍ....
Que el silencio es un mágico instante,
de sabor agridulce, que tiene sueños y alas,
colores ...... ilusiones y palabras.
Que el día que el dolor llamó a mi puerta,
la encontró entreabierta y sin invitarla,
la abrió de par en par..... y entró.
Se quedó por un tiempo indefinido,
y lejos de herirme y dañarme .....
se sentó pacientemente,
y me enseñó una lección.
Aprendí el sentido de la vida,
comprendí el poder del amor.
Que nunca es tarde para comenzar,
que la esperanza no caduca,
y que una vida sin amor,
no merece ser vivida,
La soledad es mejor compañera,
que una mentira de AMOR.

Carmen Muñoz Fernández.
 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Para suportar a tristeza basta um, mas para desfrutar a felicidade são precisos dois.  
Elbert Hubbard
Bom fim de semana!!!
""DESENROLAR A LUA... O AMOR""

Gostava de ter um fio,
brilhante de luz,
leve,
macio,
com todas as cores:
da noite,
da manhã,
do sol,
do arco-íris...
Um fio de Amor,
enrrolado,
enroladinho,
à volta de mim,
à volta de ti,
em novelos de festas,
magias secretas
abraços de azul,
de céu ao luar!
*
A lua chegar,
a sorrir,
a brincar...
a enrolar,
a desenrolar...
divertida,
a sorrir,
até transformar,
novelo em arco,
o fio em flechas,
dançando no ar,
e chuva de estrelas,
rodando sem fim,
caindo em mim,
saltando p'ra ti,
e a lua a cantar...
a enrolar,
a desenrolar,
novelos de Amor,
novelos de luz,
caindo em mim,
saltando p'ra ti!

Ana Maria Calado
 
 
 
AS NUVENS TAMBÉM CHORAM...

Gosto de estar no meu canto
em silêncio
de observar os peixes que saltam
pelo Rio
tainhas prateadas que brilham ao Sol
sabes?
saltam sempre três vezes
por vezes cinco e dizem os antigos
sinal que o tempo vai mudar
sinais do tempo...

Gosto de estar no meu canto
de observar as nuvens
em silêncio
desenhar um esboço do teu corpo
mas apenas os contornos
o sorriso, esse tenho-o em mim
como fogo que arde ao lusco fusco
consumindo-se
consumindo todas as nuvens
sobrando apenas, nada...

José Apolónia
 
De mãos vazias
agora

Agora que me esventraram a alegria de te saber debruçado

no peitoril das tardes
a ver-me chegar

De garganta estéril

De peito inflamado pelo excesso de vazio
De olhos abertos sem fundo

Agora que cada dia é um céu que não se move mais

E cada hora um pássaro morto no colo sem fundo
dos meus olhos

Um destino prescrito

Linhas apagadas
Mãos rasas
agora

Agora que me esventraram a alegria de te saber debruçado

no peitoril das tardes
a ver-me chegar

Virgínia do Carmo
 
BET NOW

Deitei os dados
e com eles
me deitei
a pensar.

Pensei tanto, tanto,
que os cubos de rolar
inquietaram-se
e foram dar ao mar.

Agora penso com as ondas
e de tanto marulhar
só navego em ti
maré doce de naufragar...

José Brites Marques Inácio
 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"O indivíduo infiel é tão perigoso como o mentiroso. Ambos são fracos, ingratos e constroem castelos sem fundações." Textos Judaicos
Um dia recheado de BEIJOS.......
O GIGANTE E A COZINHEIRA
I
Dona linda cozinheira
Seu fogão já acendeu
Das panelas companheira
todo tempo ela perdeu
II
Descascando na cebola
Em pouco tempo já rola
Juntando com o tomate
Seu saber é de gigante
III
O gigante vai chegando
A cozinheira ajudando
O chouriço eles cortam
A manteiga já a untam
IV
Cheiro agora eu já sinto
Pouco falta tiro o cinto
Apetite todos o tem
A família toda vem
V
O pedaço de um porco
Misturado já no molho
Sal pimenta mete alho
Grande molho no pico
VI
Vai fervendo pouco a pouco
Dona linda cozinheira
Está provando prato louco
Sua mão tão verdadeira
VII
O gigante arroz prepara
Água ferve ele o lava
Arroz de manteiga será
Pronto ele está e prova
VIII
Molho arroz tudo apto
Mesa posta agora está
Todos comem deste prato
Cozinhado por artista
Alfredo Magalhães Júnior

 
 
Ode à Primavera.


Minha doce Primavera és a encantada estação

Que nasce a cada manhã numa singela harmonia

Sempre bela e esplendorosa renovada a cada dia



Ainda de madrugada ouvem-se os pássaros cantar

É a mais bela orquestra possível de imaginar

Faz brilhar os nossos olhos e a nossa alma encantar



Milagre da natureza no nascer de cada dia

Brotas rebentos da terra e esperança no coração

Teu vento brando e sereno baila no ar docemente

Com ele enlaça as sementes que do solo irão brotar



Somos as eternas crianças que esta Primavera sente

Eternos apaixonados, pela vida, por ti e pelo amor

Quantas paixões já nasceram, da tua doce ternura

Crescidas na tua esperança, na vida ainda perduram



Abençoada Primavera, com vida, flores e amor.

Para ti este meu cântico, e meu eterno louvor!



Catarina Pinto
 
Ser Idoso
No dia 28 de Outubro
É celebrado o dia do idoso.
Com muita alegria e afecto.
E para muitos é um gozo.

Chegar a esta idade.
É como uma vitória.
Porque passaram várias etapas
Na vida que fizeram historia.

Alguns sofreram um pouco.
Devido ao antigo regime.
Bastava pensar e falar.
Ou libertar um queixume.

Outros foram poupados.
Porque não protestavam.
Para eles estava tudo bem.
Mesmo sabendo que matavam.

Alguns sobreviveram.
Porque chegaram a idosos.
Outros relembram o passado.
De serem jovens vitoriosos.

Chegar a idoso.
É uma grande virtude.
Mas nem todos a têm.
Porque morrem na juventude.

Chegar a idoso
É sinal de vivência.
De bons e maus momentos.
Para tal bastou ter paciência.

Neste pequeno País.
Há idosos na miséria.
É uma vergonha nacional.
E uma coisa muito séria.

Rui Santos
 
Muitas vezes pegamo-nos a palavras
E até as semeamos em nós…
Regando-as de solidão
Palavras que nos adormecem os sentidos
E nos consomem os pensamentos
E se fecham num casulo acanhado...dolorido
Pela ausência de ser
Palavras que fundem os afetos
Numa teimosia desalmada
De se alojarem na alma...
Em saudade encerrada na bainha
Do coração
Desapegado e indiferente
Numa perdição de nós...tão constante
É tempo de regresso
Agitar as palavras
Atravessar névoas e afastar vendavais
... Secar a chuva miudinha
E desembaraçar do caminho invernias distantes
Refazer ternuras
Restaurar sonhos
Reinventar esperança
“Sombras”
Rosa Fonseca
 

terça-feira, 10 de abril de 2012

"Não agradeça pelo amor que lhe é dedicado, o melhor caminho é 
retribui-lo..."
Lúcia Helena Rodrigues Lucas
Uma Terça Feira cheia de Luz.....
FLORES E CHUVA

Delicada flor da amendoeira
Resiste à força dos pingos da chuva
Delicada flor da ameixoeira
Em cachos nus de verde folhagem
Orvalhada resiste à água turva
Que insiste em perturbar a ramagem
Da frondosa avelaneira
Da secular cerejeira
Da elegante macieira
Tombam gotas de chuva de flores
Espalham-se num tapete pelo chão
Misturam-se odores e sabores
Em pétalas orvalhadas de emoção
A chuva inunda o pomar
A terra e a água numa infusão
As árvores de frutos a brilhar
Sob o céu escurecido
Numa singela oração
Da chuva que teima em ficar
E o tempo agradecido
No pomar florido
Em dia desabrido
Parece chorar

musa
 
INAUGURAL

A luz desenha um friso ténue sobre os muros, deflagrados os limites por onde cresce: uma folhagem errante.
Abro as janelas para ver deslizar a paisagem pelo néon dos olhos. Essas sombras me lembram uma possível tarde encoberta numa neblina marítima
e as horas passam em frente à alameda. Debruada -
sob a solidão verde das árvores.

Assumo a decisão de acreditar, nenhuma dúvida me perturba ou invade os sentidos, escrevo em páginas a minha lucidez,
como um vidro desfilando a existência - soubesse a sombra ténue sobre os muros.
Acredito: nos edifícios erguidos e nos peixes do mar,
atravessar o vento moldado em aves longínquas ou ou ou
voltar pela noite ao convívio das outras árvores da memória.

A luz e a sombra por arestas,
um silêncio panorâmico desce em partículas ao fundo da avenida – não sei entender mais que uma álea de plátanos
espelhada na circunstância do céu límpido. Pela tarde: nada e a tua voz em cristais me estende a cesura dos lábios.

Uma linha férrea. Viajar, a certeza de que o tempo nos aproxima da marginal: combinámos a saída no poente, não falaremos da morte por convicção ou ou ou
por não haver muito mais para dizer – a esplanada
por dentro da noite
quase líquida
:

o desenho do mar quando a sombra inaugural do teu rosto.

CARLOS FRAZÃO
 
Na noite busco a certeza
no silêncio solidão
sinto apaixonadamente
e
com emoção
busco
nos teus
olhos
a ilusão
de um dia
a noite se
tornar alegria
iluminando
o meu coração
o que faço?
vagueio no mundo
perco o rumo.
sem a tua presença,
na noite,
as horas vão passando
tantas,
que me consumo
meus passos, procuram os teus
desalinhados
sem o teus.
Susana Campos
 
HARMONIA

Senti hoje a Harmonia.
Tao facil que e viver em comum.
Alegria, paz e respeito
sera facil o que temos direito.
Vi uma exposicao sobre o Hajj...
Peregrinacao muculmana
um encanto ao perceber porque.
Todas as caras a minha volta
de todo o credo e filosofia
olhavam, como eu
um sorriso em harmonia.
As diferencas equidistantes
de historias e interpretacoes
deixam-me a certeza da vida
e a facilidade da paz
sentida nas conclusoes.
A futililidade e crueldade
de fundamentalismos pateticos
desloca-se de tal forma
do contexto que une os povos
as culturas e religioes
na facilidade do viver comum
e usofruto da harmonia.
Fiquei admirador e feliz
pelo que aprendi neste dia.
deus unico... povos tantos
culturas imensas do mundo
enriquecendo irrevogalmente
o contexto interpretado do divino.
O Islao e fantastico
tal como todas as religioes.
Aprendi hoje em mais um dia
o viver comum neste planeta
em perfeita harmonia.
Carlos Lobato

 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"A lealdade é um dos pilares que sustentam o real valor do homem."
Textos Judaicos
Bom dia....Boa semana!!!
A tua ausência

Tardes que se alongam no cansaço da tua ausência,
e se escusam em trazer novas da tua caminhada,
pelos becos de estranhos contornos,
onde perdes o discernimento em conturbadas emoções!

Levas-te em marés vivas, por agitados mares,
sem sentires a beleza e o calor do sol,
que te afaga o corpo,
em provocante carícia de sensual despertar!

E vagueias nessas ondas descontroladas,
sem rumo, perdidas na agitação dos ventos!

E, as tardes alongam-se nas horas infinitas,
que tardam em se fazerem noites, por teimosia,
talvez para prolongarem a minha tortura
e não permitirem que me sossegue,
no sono da fadiga dos meus pensamentos!

E teimas nessa continuada ausência!
A tua imagem enfatiza-se na saudade
obstinada que me transtorna
provoca-me esta nostalgia insistente
na minha alma
E faz o meu coração perder a razão!

José Carlos Moutinho


TAL COMO O PASSARINHO

Sempre caminhei sozinha
Sem ninguém a me apoiar
Tal como o passarinho
Usa as asas pra voar
Eu uso minhas mãos pra trabalhar
Com doença ou saúde
Não tenho quem me ajude
Peço a Deus sua proteção
E a Sua companhia
Que de mim cuide
Me dê Sua bênção
Para seguir caminhando
No despertar de cada dia
Rosa Ferreira
 
ANJOS

São Gabriel
São Rafael
Meu São Miguel Arcanjo

Meu Querubim

Pede por mim
Cuida de mim, meu anjo

Virtudes soltas no gás

Quero a fortuna da paz
Meu Serafim do além
Guarda meus passos, amém!
Protege o meu coração
De toda desilusão

Asas de Deus,

Cuidem dos meus
Doces irmãos da arte

Fazei de nós

Dedos de Vós
Pintando em toda parte

Todas as formas da cor

Um arco-íris do amor
Meu anjo, São Gabriel
Guarda-me dentro do céu
Meu São Miguel Arcanjo
Cuida de mim, meu anjo.
Newton Baiandeira
 
Caramba

Que me bate o coração
Num compasso acelerado…
Nas palavras,
Que me ladram...
Como cachorro esfomeado,
E se me esgueiram…da alma…
Numa [in] controlável…Cegueira
Oh…Poeta, tu não algemas,
A tua vontade suprema,
E, vais desenhando arrogante,
Palavras com semblante…
No mar, colhes flores…
Com aromas de mel e pudores…
No céu, constróis castelos de areia
E, na terra habitas, como aranha em teia
Rasgas o sol em pedaços…
E no ocaso, inerte, esperas em cadafalso
As palavras, que metamorfoseias, em plena asfalto
Desafias com astúcia a saudade…E, choras nela de verdade.
Num dia chuvoso, descreves um desgosto amoroso
Em dias solarengos…Saltas como alegre podengo …
Poeta, és perfeito ferro-velho…Armazenas tudo, na perfeição
E, de tudo constróis, a tua frágil emoção…
Veste as horas, de mantos…E, causas-lhes prantos…
Despes a lua…Nas noites que te convêm…
E, nua…Irada…Nas palavras que te advêm…
Em poéticas horas asselvajadas.
Expeles a poesia, como parturiente exaustada.

MelAlmeida