sábado, 11 de fevereiro de 2012

Adivinho-te porque te sei

Quando na noite
irrompem os teus passos
há um cantar de água
latejam árvores
o sangue alvoraçado
a terra aberta
à vertigem do fogo
e ao frémito dos dedos alucinados
adivinho-te o caminhar
no rumor do vento
na evanescência da luz
nos contornos adormecidos dos muros
sei-te o sabor
medronhos silvestres
doce veneno
que me embriaga
e incendeia
sei-te os caminhos
onde transbordam os rios
e se alteiam as marés

adivinho-te
sei-te
moro dentro dos teus olhos

Clara Maria Barata


Sem comentários:

Enviar um comentário