sábado, 18 de fevereiro de 2012

SÁBADO 18-02-2012

Bom dia.....com alegria!!!!
SEMPRE AQUI
Por mais estranha e louca
que for a tua aventura
a tua ilusão
a tua coragem
a tua nostalgia
ou o teu desassossego...

Por mais bizarro e tortuoso
que for o teu caminho
escusas as tuas esquinas
louca a tua alegria
ou sombrio o teu destino...

Por mais esmaecido
que seja o teu azul
mais murcha seja a tua flor
menos verde tiver a tua tela
e mais indefinido for o teu arco-íris...

Por maior que seja a tua dor
e por mais que os teus olhos
se recusam a deixar de ser lagos
ao sabor do teu rosto
e este for tão-só um mapa marcado
por muitos rios à flor da tua pele...

Por maior que seja a tua alegria
essa mesma que te rasga um sorriso
te esventra a alma
e te vira do avesso
sem nem sequer dares conta...

Por maior que seja o teu amor
ou a tua angústia
ou o teu desamor
ou o teu desalinho
o teu silêncio mudo
o o teu grito surdo e rouco...

Por maiores que sejam as tuas asas
e mesmo assim não conseguires voar
porque ninguém te ensinou
e o céu te parecer um sítio escuro e imenso...

Lembra-te que eu estarei sempre aqui
à distância de um entrelaçar de dedos
de um olhar dentro do teu
de um ombro junto do teu
de um sorriso partilhado contigo
ou de uma lágrima vertida a meias

E esta seria em tudo
uma história banal
cheia de palavras bonitas
e bem intencionadas
largadas sem forma num cálice de papel
ao sabor de uma caneta tonta
dando forma a outra tonta que sou eu

não tivesse sido ela escrita
com o meu coração sangrando
e não tivesse ela tocado
dentro da tua alma
que eu sei anseia por companhia

São Reis 
 
A SEMENTEIRA DO SILÊNCIO
Relanço as sementes à terra
com o punho fechado.

Há em mim um ar de desalento
que bate a contratempo,
linhas traçadas
que separam os hemisférios
onde se movem os meus pensamentos.

Não há pássaros
a espreitar na copa das árvores,
e eu tenho mãos sulcadas
em que as sementes se abrigam.

Espalho incertezas
pelos cantos da casa
e refugio-me
numa qualquer esquina do monte.
O sol arde no acaso do horizonte
e as palavras enfeitam os caminhos
com pétalas de rosas.

Relanço as sementes
que me caem dos olhos,
e sempre que as minhas mãos se abrem
recolho silêncios
e falta de vontades.

Francisco Valverde Arsénio
 
 NUM TURBILHÃO DE RAZÕES
Que razão é essa
que te impede de caminhar?
Que dor é essa
que a alma grita sem cessar?

Encontra a ponta do sol
a motivação para te elevares a cada queda.
Lambe a ferida
com a saliva quente sem orgulho.

Qual o motivo da traição?
Porque é que os valores se perdem?

Trair é perder respeito próprio
e não ser, nem conhecer o deleite de viver.
Os valores não se imprimem em folhas soltas
nem em compilações de estudiosos
é intimo
não há o apontar
mas sim o praticar para que a diferença seja feita.

Porque é que a humanidade está mal?
Se cada acusador
entregasse bons valores
o mundo seria perfeito!

Contudo vive num turbilhão de razões
sem rectas definidas nem curvas flexíveis
para o luar se estrelar na noite de contentas! 
Ana Coelho
 

RIBEIRA
Se calhar estás bem diferente
Mas quando te conheci
Namorei a tua gente
O encanto que havia em ti

Os jantares na Marina
(Como era novo e feliz)
A muralha Fernandina
A Ponte de D. Luíz

Eu, um milhafre das ilhas
Aprendi e tive sorte
No falar das tuas filhas
O bom sotaque do Norte

Oh Ribeira que vivi
(Há sítios que não se esquecem)
Quando me lembro de ti
Os meus olhos humedecem.

Aníbal Raposo
 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

SEXTA FEIRA 17-02-2012

Bom dia.....sejam felizes!!!

GARDÉNIAS
 
Ao longo do rio vejo um campo de gardénias
De corpo branco e postura exótica
Que me oferecem a sensação de um olhar
Lânguido
Ausente
Em meditação constante
O olhar que já vi algures
Nos tempos perdidos
Em que não percorria o rio
Na procura das vozes do silêncio
Gardénias
Que fazem sombra a outras gardénias
Ciumentas da diversidade do meu olhar
Um olhar que já foi limpo
Sem rugas
No tempo em que as minhas mãos
Estendidas como madeira fresca
Eram a bandeira de um prazer de vida
Gardénias
Que se colam a mim através dos meus passos
Que viajam comigo
Que me enfeitam a raiz do pensamento
Que dormem comigo num quarto vazio
Que morrem de tristeza
Porque já não podem fazer sombra na margem do rio
Porque o seu coração não tem a força que nos corre nas veias
Porque cada ser é um ser único.

Ângelo Gomes
 
 
DANÇA DA POETISA
Danças com as palavras húmidas de sentir
Rodopias em versos de sombras aladas
Danças como se a chuva fossem botões a florir
E os teus poemas de sentidos tivessem asas
Danças os pensamentos desabrochadas rosas
Seja na poesia ou em sentimentais prosas
Danças a melancolia do teu inebriado ser
Doces afectos de pontuação consentidos
Escreves arrumas ilusão em versátil prazer
Nas danças dos teus sonhos destemidos
Dança ODETE dança nominada Poetisa
Leva para a chuva a poética alegria
Dança a dança do sentir de quem precisa
Fazer das palavras dança da POESIA

musa
 
 Sede
 
Vejo, no gostar de ti, um saciar-me com conta-gotas:
Gosto da tua mão, que se vai deixando na minha e goteja
E dos teus olhos, que se não vão desviando e me pingam…

Gosto, enfim, de cada coisa tua que não chega a vazar…
Que me sobe a linha da tua importância, que é líquida
Como certo é, que fico maior, para que tu me caibas…

Vejo, no lembrar-me de ti, um copo sobre a cabeça:
Que continua a encher, até me derramar em cima
E que vai vertendo o que sinto por ti, aos poucos…

Vejo, num reencontro, um jorro que me encharca…
Que me atira, de uma só vez, razões de te gostar:
Tais como a tua mão, de que a minha se embebe
E os meus olhos sequiosos, que bebem dos teus…

Quando a saudade de ti se acumula
Eu preciso gostar-te de um só gole…

  Sérgio Lizardo
 
 
Saudade
 
E chega o dia
em que aperta a
SAUDADE!
Da presença,
que não mais se fez sentir.
Do abraço,
que não mais te envolveu.
Do beijo,
que não mais te acariciou.
Do olhar,
que não mais te observou.
E a certeza,
de que chegaram
até onde ambos quiseram chegar!
E mais longe puderam ir,
se ambos quiserem continuar!

Marina Dulce Marques


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

QUINTA FEIRA 16-02-2012

BOM DIA.....com muita inspiração!
CORJA ASSASSINA
Atravessando desertos de solidão,
bebendo dos espinhos o néctar da vida...
De cá para lá, de lá para cá...
Corpos sebentos se arrastam
na areia limite do tempo!
Perseguidos...
Coagidos...
Humilhados...
Inumanamente massacrados
por bandos de inergúmeras
consciências negras , sem norte, sem sul,
mas de ideias fixas, obtusas, fechadas
no círculo da corja assassina.
Chacais sedentos de sangue e de pranto
esfaimados do poder e da glória...
Lixo...escumalha da sociedade...
Óh! Míseros...óh! Estupidez...óh! Indignidade...
Que bem vos assentam as feéricas cadeiras
da vossa insustentável inutilidade!

ISABEL BRANCO
 
 
 "neste rio do país das águas"

Invento-te
nas promessas flagrantes do deserto
entre oásis inquietos
lavrados por sumptuosos rios
tranquilos
de desejo.

Na plenitude animal do meu interior
orvalho o teu corpo
de carícias.

As mãos desbravam a fome
e as trevas,
onde a água verte em desespero.

Alvaro Giesta 


O QUE SE VÊ E O QUE EU SINTO
 
Avisto-me na sombra dos reflexos
Das imensas paredes bloqueadoras de mundo,
Inibidoras de alegria… ausência de energia.
A vida adormece e a mente aninha-se
Na razão contrária da compreensão da própria razão.
São velhas e danificadas as barreiras,
Mas robustas e duras…
E frias…
E geladas…
Que bramam dúvidas em segredo,
Partilham anseios ligeiramente disfarçados,
Encenando telas de luzes obscuras.
Cansa-me…
Esta dor que não dói…
Esta saudade que não aperta…
Esta solidão abafada na multidão…
Cansa-me…
Esta correria sem movimento…
Esta calma agitada…
Esta fome saciada…
Quero olhar em frente,
Agarrar cada um dos sinais raiados,
Sustentar-me neles
E avançar na dimensão,
Que a distância parece apertar,
Mas que me ilumina…
Mas que me amplia…
Mas que me chama…
Embrulhando-me na corrente,
Que transcende o que tu vês
E que percebe o que eu sinto.

Fátima Cardoso


 POEMA RUBRO E BRAVO
Não falo de Angola de uma forma barata
numa revolução pacifica e consistente
falo o que sinto, o que me tortura a mente
com a ponta da minha caneta bem afiada
escrevo-te de forma pacata ó minha mãe
o sofrimento vivido pelo cidadão básico
cujos os direitos são constantemente violados
escolas sem condições, saúde precária
sem água potável, sem energia eléctrica
estrada mal feita, esburacada, inundada
salário insípido, expressão repudiada
justiça pervertida, alegria abafada
a dor de uma nação, a dor de um povo
que espera um sorriso limpo, sorriso novo
uma nação que tudo tem e o povo nada tem
nação transformada num bando de ladrões
que criam politicas em benefícios próprios
para extasiarem as suas cruéis ilusões

com a ponta da minha caneta bem afiada
escrevo-te de forma pacata ó minha mãe
o nosso nome alcançou o cume dos céus
a nossa economia é a musica sonante no mundo
mas o filho de Angola ainda tem sorriso imundo
levanta-se de madrugada quando a rua ta calada
trabalha o dia todo como troco recebe quase nada
alimenta-se com o pão da dor e cálice do sofrimento
cansado, rosto amarrotado deita-se a meia noite
para no dia seguinte regressar a mesma porrada
dizem-te seres a terra das doçuras, oportunidades
como deixas o teu filho passar as dificuldades?

com a ponta da minha caneta bem afiada
escrevo-te de forma pacata ó minha mãe
pois soa entre nós alaridos cobertos de falsidade
homens caras de santos, corações de centopeia
para ocultarem todos os seus rubros pecados
fazem boa aparência a comunidade internacional
prejudicam altamente o dono da terra, o nacional
dando privilégios aos forasteiros, aos visitantes
que usurparão do país contas gordas, montantes
o estrangeiro diz Angola, o porto dos milagres
o angolano diz nem parece que sou desta terra
_____________________________________________
Por: Lopapo Poeta
 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

QUARTA FEIRA 15-02-2012
Bom dia....com alegria!!!
amo os seres inquietos
que interrogam a magia da primavera
e a nostalgia do outono que lhe precede
a fé libertadora da poesia
sangue que percorre as artérias
suburbanas do poema
amo seres que anunciam o canto
dos pássaros ao entardecer
dos sonhos que nutrem
todas as madrugadas
capazes de agitar o mar
desassossegado que ondula
num pensamento
amo os seres que cegam ante a luz eterna
que alimenta a ferocidade divina
e a voz dos moribundos
que murmuram tão breve a vida
que lhes sucumbe nas mãos

  João Ramos (Latitudes Poéticas)


 
O olhar de minha mãe...
 
Olho-te nos olhos,
E vejo o teu rosto,
Tem tristeza aos molhos,
Sinais de desgosto.
Olho-te nos olhos,
E vejo a tua feição,
Marcada pelo tempo,
no teu coração.
Ingrata a vida,
Que não te soube amar,
Trouxe-te sempre ferida,
Neste teu peregrinar.
Que Deus ou o destino,
Te marcaram dessa maneira,
Que causaram tal desatino,
na tua vida inteira.
Mãe... ergue o teu olhar,
E fixa o meu,
Quero poder-te amar,
o meu coração é teu!

Paula Tavares
 

"Despedida" 

Ainda nem o sol
Dobrava ao fundo o monte
aguarela de divino manto imaculado
Em teu rosto algumas lágrimas
Teimavam marcar-te de dor,
Mostravam emoções do momento
e embora nem te olhasse
Sabia bem onde estavas,
sentia tuas mãos como tremiam
“Meu Deus que frio está este quarto”
Onde em tantos instantes de ardor
De murmúrios e caricias
unificamos corpo e alma
de suores e suspiros apaixonados,
Sais-te meio hesitante,
teus passos marcavam no branco
como quem marca no tempo
os dias que foram nossos
as promessas e os sonhos,
e na curva do caminho
perdi teu balançar,
o teu milagre esfumou-se
e com ele restos de mim,
minhas mãos no entardecer
trémulas procuram as tuas
enquanto meus lábios gelados
do prazer de teus beijos anseiam,
despeço-me desse amor
como de uma vida falasse.

João P. Fernandes 

Embrulho-te

Embrulho-te em lençóis de abraços ondulantes
para afagar a fragrância da tua maresia!

Sandra Portela

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

FELIZ DIA DE SÃO VALENTIM

TERÇA FEIRA 14 DE FEVEREIRO DE 2012

...luz

Deixaste um rasto de Luz,

Deixaste um sorriso de Esperança
nas ruas do meu ser.

Vestiste-me com todas as Palavras
com que, se veste a Felicidade.

Desenhaste o meu corpo numa Tela Branca
com os contornos dos teus dedos.

Pincelaste todos os poros da minha Pele.

Hoje,
procuro os teus olhos,
espero a Luz do teu Sorriso,
para te desenhar,
também numa Tela Branca.

Adélia Capitão


Crer no Amor


Crer no Amor, desprendido
- felicidade que transporta -
Liberto de medos, receios castradores
Sem condições, restrições
Que a ti me(nos) leve – livre.
Crer no Amor, mais que paixão
- sentir te sempre presente -
Sem desculpas, nem meias palavras
Em partilha de sentimentos
Em carinhos e palavra pronta.
Crer no Amor, Crer em ligação e(a)fectiva
- forte, tudo ultrapassa –
Juntos, no bom e no nem por isso
Felizes e conscientes
Da força do Amor – seguros.
Crer no amor, redentor
 - incólume a situações de vida –
Aproveitando oportunidades
De redenção, de vencer dificuldades
Em conseguir novas certezas.
Crer no Amor, puro
- ainda que de felicidade condicionada –
Cientes de momentos, que o concebem
Encontrar te, ser digno de ti (de nós)
Que me (nos) fará, ainda: mais feliz(es)!

Luís Gomes Pereira 

 
 TRISTEZA

Numa reviravolta
na curva do vento
no espaço meteórico
duma nota musical
no voo da ave
num batimento do coração
num toque de cabelo
num relancear de olhos
no sopro da brisa
breve e ténue
Tudo pode desfazer-se
em poalha
em rasgos
em chuva diluviana
...em noite sem estrelas
em imagens grotescas
em vazio...!

Choro de um amor perdido
quiçá inexistente
que se evolou
como fumo
como espuma
nos interstícios
do coração...
TRISTEZA...o que ficou!

Guiomar Casas Novas 

 
Vértices da Luz
A arte
eleva-se
nos vértices da luz.
É límpido
o coração
que pulsa lume.
...............................
A vida
é uma cisterna
que a abarca a lua.
Sento-me
nos recônditos
da nascente luminosa.
.................................
O vento
é a alma
num corpo sem idade.

Cláudio Cordeiro


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SEGUNDA FEIRA 13-02-2012
Bom dia, com muita poesia!!!

da fé

a vida da fé
está na tua boca

com a língua de fora
para a incredulidade

e uma canção ridícula
preparada para ser cantada 
ao som de flautas e de realejos

pode ser até
que a tua boca
nada saiba sobre hermenêutica

ou que seja uma lamechas
que por tudo e por nada
quer dar beijinhos

mas a vida da fé está na tua boca
e quer queiras quer não
a boca é tua

fechada ou aberta
é contigo

Manuel Adriano Rodrigues


AVE FERIDA...


Noite fria,
meu corpo escaldante,
coração e alma,
cantavam e dançavam
ao som de belas melodias,
por mim...
... jamais ouvidas.

Como uma pequena ave,
voei de felicidade vibrante,
sobre planícies de flores,
numa miríade de tons,
que mais cor deram...
... ao meu coração.

Sobre oceanos planei,
observei o colorido das águas..
...do azul ao verde esmeralda.
O cheiro a maresia,
p'las minhas narinas entrou,
e inebriada me deixou.

Montanhas altas e belas,
de cumes brancos de neve,
rodeadas por nuvens,
tais como flocos de algodão,
tinham formas, que em minha,
imaginação fértil e feliz,
as transformava,
tal como se vivesse,
um conto...
... de encantar.

Ave pequena sim.
Que nessa noite se sentia,
imensa, plena de força,
majestosa e formosa.
Ela estava dentro de mim,
no meu Eu, nessa noite fria,
mas que em mim,
a chama da plenitude...
... ardia exuberantemente.

A mais bela prenda,
havia recebido.
Nada de material existe,
que a pudesse substituir.
A prenda do Sentimento.
Tão simples,
para muitos banal,
mas...
... para mim essencial.

O tempo passa,
é chegado o anti clímax.
Instalou-se o silêncio.
Não o silêncio único e belo,
dos amantes,
após o amor consumarem.

Não...
um silêncio que grita,
que fere,
e atinge meu coração.
Silêncio de arrependimento?
Silêncio de quem não se lembra...
... a não ser em certa ocasião?

Não sei!
Não... não esperava diferenças,
na forma
como nos relacionávamos.
Só não esperava este silêncio,
que grita,
e que como um punhal,
se crava dentro de mim.

Hoje a ave, aquela...
que se sentiu grandiosa
e formosa, voltou...
... à sua verdadeira dimensão.
Voa ainda,
mesmo com a asa ferida.

Um voo sem força, sem alento,
deixando-se  p'lo vento levar,
enquanto seu corpo, agora frágil,
é pela dor trespassado...
...mas sente-se indiferente.

Está gelada a pequena ave.
Treme de frio...
... está triste!
No seu voo agora lento,
nada vê em seu redor.


Segue em frente,
sabe que haja o que houver,
de novo seu olhar brilhará,
e, as feridas sarará.

Pequena Ave,
sabes bem,
a força que em ti tens.
Voarás de novo com vigor,
mesmo que sem ter Amor.
Rumarás e cumprirás,
o que sabes ser...
... o teu caminho!

Susana Maurício


Luar

Lindo é o estado em que se põe o Céu
Uivam  lobos ao anoitecer
Andam estrelas no seu Véu
Rodam astros em seu redor a brilhar

Luz que brilha no firmamento
Ultra-sons na minha mente
Andaluzias no meu pensamento
Raios de luz cintilante

Lindo é o este Luar
Utilizando seus enfeites
Animam seu luzir
Riem-se dos seus encantos

Luz que brilha no Osíris
Utilizando o seu sentir
Arcando com os vossos pensamentos
Rodeando de estrelas vosso Amor.

 José M. M. Pedro



Amiga Feia

Bateu à minha porta
eu abri e não a vi

Entrou com os passos
leves do silêncio

Instalou-se na parte cervical
que mais lhe agradou

Veio,  ficou, quer
a minha companhia
as linhas do meu rosto
revelam a sua dura presença

tornou-se a minha amiga feia
que me estica os nervos
como se fossem elásticos
me transforma os músculos
em pedras da calçada

alimenta-se do meu vigor
e diz que não quer
ir embora

©Maria do Rosário Loures


domingo, 12 de fevereiro de 2012

DOMINGO 12-02-2012
 
BOM DIA....
Tenham um excelente Domingo!!!

Entre pontos.....

Entre pontos

Estranho o beijo
que lhe roubou o tempo

Relembrou os dias
em que a poesia
lhe dançou nos dedos

Sentiu o amor
como as teclas de um piano
em que a melodia
deixou de se ouvir

Menina de escuro cabelo
de claros sonhos
sedenta de vida
procurou as águas do Douro
o corpo na foz ficou
a alma na saudade vive

As recordações
não se apagam
os amores
não se esquecem

Os porquês não se explicam
o vazio não se justifica
mas a tristeza fica
entre cada linha escrita

O sótão de memórias
é infinito
entre versos
o recordar fica descrito

.
Entre linhas
entre pontos
.
Cidália Oliveira


Ainda ouço as lágrimas de Shubert

O sol enterra-se na areia
Temo que a luz se apague
Dentro do meu corpo
E o mar se afogue perto
Da boca dos peixes

As ruas pintam-se de cinza
Numa paleta manchada de óleo
Derramado por um petroleiro
Feito de ondas de néon

Restam as traças que copulam
Sobre as flores plásticas
Que enfeitam as montras
Despidas dos meus olhos

Ainda ouço as lágrimas de Shubert
Cravadas no negro d’ Ave Maria

Carlos Val


NUM DIA SONHO....NO OUTRO SOLIDÃO

Num dia sou sonho...no outro fria escuridão
Num dia sou amor...no outro vida perdida
Num dia sou felicidade...no outro fria solidão
Num dia sou paixão...no outro fera ferida

Meu coração dói...não tem asas para voar
Ficou em silêncio...esperando o teu olhar
Perdeu-se em ti...envolveu-se em solidão
Da ponta dos meus dedos...um poema...a ilusão

Voa comigo...de encontro ao infinito
Em silêncio...num abraço...a eternidade
Nas palavras por dizer...está tudo o que sinto
No meu peito guardo...a ternura...a saudade

Apenas a dôr...veste meu triste olhar
No teu silêncio...na minha renúncia...meu fim
Dentro de mim nada resta...queria tanto voar
No meu silêncio...todo o amor que vive em mim

A dor dói...choro baixinho...só para mim
Queria esquecer as feridas...em flor renascer
Mas é tão escuro o caminho...não vejo luz nem fim
Apenas um passado sem futuro...o meu entardecer

Almas ausentes...doce lembrança...minha dor
Um grito...um lamento...no meu peito ficou
Na escura noite...lua dos amantes...ficou o amor
Um sonho lindo...um sorriso...que por mim passou

Rosa Maria


Quem me dera

Quem me dera
o mundo
em forma de feno
e nas dobras
o cheiro
a mar
quem me dera
dizia eu
o mundo
aninhado
nas tuas mãos
como quem
busca afectos
e quem me dera
mundo
arrepiado
pelo sentimento da paz
e quente
como o vinho
bom
entornado sobre
o linho
branco
assim este retrato
quem me dera
o mundo
como uma ida
ao jardim
para colher um flor
que depois
ficará encantada
com o teu
perfume
de mulher
sim
quem me dera
o mundo
inventado
acorde sobre
acorde
de um música
igual
ao pulsar de um coração
para viver
 
 Isaac Nin