sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


SEXTA FEIRA 24-02-2012
Bom dia..... Bom fim de semana!!!


Terras do fim do Mundo,

São terras do fim do mundo,
Assim lhe chamaram outrora,
A esta terra de Angola,
Do Cuando Cubango,
Onde cedo nasce a Aurora,
Rompe a madrugada,
Se põe o sol acobreado.
Nesta terra virada a sul,
Na fronteira,
Entre os que estão do lado de cá,
E os que vivem do lado de lá,
Serpa Pinto,
Menongue,
Tanto faz,
São terras da África profunda,
Tão profunda, como profundas,
São as raízes da terra,
Das árvores frondosas que se entranham,
Embrenham no chão avermelhado,
Atapetado de capim.
De verde se veste a paisagem,
A perder de vista,
Na fugacidade do tempo.
De um tempo em que o tempo é de paz,
De silêncio,
De muitos silêncios,
Como de silêncio é feito o canto do Colibri,
Ou o indelével toque do vento,
Ou do milho que baloiça na lavra a crescer,
Ou da vegetação verde que persiste,
Ou da pedra que faz o chão de quem resiste,
Ou da montanha que se eleva,
Para lá do azul do céu que a assiste ,
Se ouve o silêncio,
Do rio ladeado de lavadeiras,
Mulheres negras altruístas,
Feiticeiras que trazem nos olhos,
O brilho do feitiço,
Dos meninos dos musseques,
Que brincam no asfalto,
Com carrinhos de lata,
Jogam com uma bola de trapo,
Das meninas que à sombra do imbondeiro,
Fazem tranças no cabelo,
Acrescentam pedaços de postiço.
Da gente que bate o milho no pirão,
Faz a fuba faz o pão,
Ou ainda na berma da estrada onde habita,
A vida numa casa de pau a pique,
Tudo perdura,
Tudo resiste
Tudo é vida,
Nestas terras do fim do mundo,
Em silêncio.

M.J.Meira
 
MAIS UM DIA

Mesmo com frio...
Vejo chegar o mar.
Sentado na areia,
entranhada na pele,
um cheiro seco,
e a maresia.
O mar que me toque,
chama-me sempre assim,
em vai e vem constante.
Suave, meigo e amigo.
Pequenas ondas,
pequenos sons de espuma,
 pés descalços,
e um arrepio.
A sensação da vida,
em toque molhado,
no sentir da pele.
Moldar a areia,
pensar um pouco,
sentir saudade.
O amor,
a verdade...
mais um dia.

Carlos Lobato
 

NEBULA

Caminhos enevoados na manhã clara, onde o sol nasce e o sonho mora...

.enevoou-se a manhã
e os olhos claros de mar e hortelã.
.enevoou-se a sabedoria das flores de Março
e calou-se a voz das aves perdidas.

Surgiram amores de uma névoa de flores,
e flores de trevo,
e flores de amora.

Olhos de olhos que guardam rumores
de tempos antigos
e de flores de romã.

.correram vozes de estórias antigas e de bailarinas sonhadoras no ar das manhãs.
.soubemos dos olhos das garças e dos vôos das asas. soubemos de nós. amanhãs.

Amanhãs que sonhámos e rios onde nadámos sonhos de dias passados e sorridos.
Noites onde encostámos sonhos nas pálpebras silentes. Manhãs despertas e nuas.

Faz de mim a claridade dos teus olhos noturnos e a luz das tuas mãos.Tuas. Ruas.

.as ruas onde caminho são as névoas que desperto nas sombras de mim.

.antes as flores.
.antes os teus olhos.
.antes a realidade das mãos e das noites sem fim.

Susana Duarte


HOJE VOU PARA RESENDE

A mente que debitava palavras

agora publica ordens de serviço.
Manda-me que coe o rio
e colha a safra sem buliço.

Serei arrais de vela enfunada

e com a ociosa probidade
de cardumes pusilânimes
levarei a bela além da cidade.

 
José Brites
 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

QUINTA FEIRA 23-02-2012

Bom dia....
Refugio-me nas palavras:

refugio-me nas palavras
que deixo caladas no meu
peito
lembras-me o sonho desfeito
queria tanto dizer-tas mas não
encontro o jeito
a luz crepuscular de um luar
coberto por um véu, infiltra-se-me
na alma dorida
cortam os espaços os ais que não consigo
aprisionar,desenho a compasso o teu sorriso
nas estrelas
beijo os teus lábios numa papoila selvagem entre
os campos de trigo dourado no lírio selvagem
na margem do rio
respiro-te no aroma das manhãs perfumadas de tília
adivinho-te o corpo num ondular do vento na onda do
mar que me abraça
quero que saibas agora já amor ausente, que tenho nas
minhas mãos a carta escrita com letra miudinha da cor
dos teus cabelos
vejo-te numa alvéola delicada de uma rosa com os lábios
entreabertos numa manha cheia de sol das mãos escorrendo
luz
queria degustar as tuas lágrimas num cálice de licor doce
sorver-te como respiro reter-te em mim,como o ar que me
enche o peito
neste sonho desfeito por não encontrar o jeito de te dizer amo-te
vivo numa alegria empalidecida, com medo que me digas não~
fico-me nesta doce ilusão
de merecer um lugar no teu coração,refugio-me nas palavras
que deixo caladas em meu peito queria tanto dizer-tas mas não

encontro o jeito

uky..marques:
 
Na crista da onda
onde te observo, alma singela a navegar..
sereia de corpo mulher
a enfeitiçar
ondas sobre ondas
num coração a gotejar...

José Apolónia
 
Alfabeto para seres feliz! Ama e sê amigo para ser feliz,
Brinca com a alegria de uma criança,
Cuida de todos com o coração,
Diz e expressa o que pensas e o que sentes,
Faz da tua vida uma festa,
Goza a beleza da natureza, da chuva e do sol,
Honestidade, use-a sempre todos os dias,
Invejas não interessa...é para os fracos,
Joga bem na vida...sem batota,
Luta pelos teus direitos e liberdade,
Maravilha-te com o mar e ouve o seu cantar,
Nunca desistas do que realmente desejas,
Ouve com sabedoria e atenção,
Pratica a solidariedade e a bondade,
Questiona certas verdades que dizem ser certas,
Resolve as coisas com magia e encanto,
Sonha e acredita ser possível chegar lá,
Tem sempre tempo para ti e para os outros,
Verifica se a tua vida tem poesia e paz,
Xilofone a tocar, boas músicas escutar,
Zela pela tua saúde e bem estar...e sê feliz!

Bernardina Pinto
 
GOTAS DE ORVALHO

Gotas de orvalho salpicam o meu rosto,
Na noite fria, o desejo do momento,
Lembranças e anseios trazem desgosto,
De um Mundo em constante movimento.
Saudades sentidas!
Dias irrequietos vividos com alegria,
Passados em estranhos desafios constantes.
Vidas esquecidas!
Saudades lembradas e vividas em harmonia,
Flashes que na memória trazem instantes,
De uma vida que não se quer ausente
E que nos traga a juventude então perdida,
Da realidade que estará sempre presente.
Ilusões, utopias transformadas em realidade,
Nas vidas interrompidas por quimera malvada,
Fazendo perder os melhores anos da mocidade,
Tornando velhos, toda aquela rapaziada.
Anos perdidos!
Vidas erguidas numa outra realidade,
Destinos traçados e retraçados sem seguro,
Ajudaram a perder, aprendendo com a idade,
Uma nova forma de construir um futuro.
Hoje, recordam com eterna saudade,
O que poderiam ter sido e feito,
Se não houvesse tanta maldade,
E se tudo tivesse sido de um outro jeito.
Gotas de orvalho salpicam o meu rosto,
Formando lágrimas que rolam pelo chão,
São lágrimas causadas por um desgosto,
Que me aperta tristemente o coração,
Lembranças da juventude e da terra amada,
Deixada com uma enorme condição,
Com promessas constantemente adiadas,
De um dia poder abraçar o seu irmão,
No país onde nasceu e viveu a mocidade,
Com ilusões, desilusões e amores ardentes,
Vividos sempre com grande moralidade,
Dos bons costumes e tempos ausentes. 
Carlos Cebolo
 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUARTA FEIRA 22-02-2012
Bom dia e desfrutem do Mar de Poesia!!!
O Mar e a Costa

Abominável revolta daquele mar,
não trouxe à costa paus de canela,
nem cuspiu..... raminhos de anis.
Insubmisso, ninguém para o açudar,
esqueceu quanto ela tinha de bela.
Tristes comportamentos tão hostis.
Tamanha erosão teve tal donzela,
o mar... recuou, a paz quer ajustar.

Helder Martins
 
Traço-te em linha recta,
No redondo horizonte de minha íris,
Não sei onde começa o [teu] céu,
E termina o [teu] mar…
Decifro-te no azulado de luz,
De um sol laranja que te afaga,
Encontro laivos de verde,
Nas ondas que me espumam os lábios,
Quando os beijas em desenhos de ar,
Contemplativa me quedo,
Mergulhada nesse [teu] manto,
Ora de acalmia… ora de tempestade!
Sedução mágica e leve,
Ao entrar nesse [teu] barco,
Cortando as vagas de teu sal.
Sou sereia enquanto me navego,
Nesta doce e ampla felicidade,
E remo no teu leito,
Dando vida à própria vida,
Na conquista da costa perdida,
Algures… projectada,
Não há bússola nem leme,
No farol do meu olhar,
E tu vais … e vens…
Nesse abraço gemido de búzio,
Onde me encanto… me en-cantas,
Escama dádiva… Sereia de te a-Mar!

[Ouço a tua melodia meu Mar…]

Cristina Correia
 
Mar de amar…

Esse teu mar
Jorra rios de alegria
Que eu quero vir a amar
Seja de noite ou de dia

É assim que eu gosto de ver
O mar quando enlevado
E de lá te vir a ter
E contigo ficar ousado

Ousado pelo que vejo
Nesse teu corpo maravilhoso
A quem pespego um beijo
E com isso fico famoso

Mas um beijo só
É muito pouco
E de mim eu tenho dó
E eu não quero ficar louco

Por isso te dou mais
Beijos de incandescer
E tu dizes és demais
Nessa vontade de te querer

Mas que queres
Eu sou assim
E quando meu corpo quiseres
Tu vem de mansinho até mim

E aí tudo tu verás
Neste amor intemporal
E tu em mim tudo farás
E desse amor não virá mal

Armindo Loureiro
 
O Mar

Olho o mar por ti atendido,
onde ardem...

célebres e aplaudidas pinceladas,
em compasso,
que roçam deleitadas

vermelhos,
rosas,
cinzas e prata,
inalo
os aromas por onde passas…

onde o olfacto se apura
e a visão viaja grata!

Mel Almeida
 
O MAR

Encantador de malvadez


Este mar que vos atrai, pudera, também a nós

Malvado, que tantos leva, tem levado, para si.
Que um caxineiro, se ao mar está votado, desde
Logo lhe pertence, mal nasce, até que deste mundo
Se vai e, não é sina, mais forte ainda, intrínseco, umbilical.
Muitos de vós tendes procurado outra sorte, mudar destino
Virando se para futebol, contrariando elementos, locais
Numa fuga, por demais infrutífera, desta gente, de mar feita
Tão cansada de lutos, tentando evitar, a que preço
O mar, seus inúmeros perigos, a dureza – imensa, da sua lida.
Miro, um jovem, entre tantos, que procurou, tentou
Nos campos do chuto na bola, não renegando suas raízes, nunca
Deixar, fugir de ti, mar( não de sua terra), que, no seu vai e vem
Parece chamar os jovens, vizinhos, tal como sereia, com seu canto
A todos tenta encantar, levando os até si, sabendo de antemão
Quem a(o) irá servir, por mais que tente afastar se, egoísta este mar.
Malvado mar, que de tão belo, iludes, seduzes, levando tantos
Destes moços e outros, para sempre, deixando famílias órfãs
A morrer de saudade e lamento, por quem lhes vai roubando.
Malvado mar, tanto nos dás, ai, a que preço, de dor de caxineiros
Das lágrimas que não secam, em ânsia que não pára, em levá los
Egoísta, obcecado no negro, com que teimas em vestir, marginal
As gentes, que, dia após dia, esperam que permitas (esqueças),
Que os seus voltem saudáveis, prontos a honrar te, em dias seguintes.
Miro, que quiseste outro destino traçar, impossível de tarefa hercúlea
Sim, não se te pode negar intenção, vontade de alterar, mudar destino
Não foste capaz, este malvado mar, não to permitiu, não conseguiste.
E, para sempre, este, irado por tuas tentativas, louco de ciúme
Se não conseguiu reter te, em prece a outro (irmão em vontade)
Se socorreu, longe, tão longe de Caxinas e te levou, te reclamou
(Nesta sua irracional vontade) te levou, de seus, não te devolveu: para sempre!
Luís Gomes Pereira

Caxinas, 7 de Julho de 2011 homenagem a Miro (Belmiro Graça) e seus familiares, pescador caxineiro, com quem tive a honra e prazer de viver, colegas de futebol, uns meses de minha vida.
OBRIGADO descansa em paz.
 
O MAR DA MINHA BOCA

Este mar que te ofereço,
em ternas ondas
neste frenesim azul
levam-te de mim
cantares de sereias
que te embalam
na maresia inquietante
onde o teu corpo nu
repousa em doces areias
que nas minhas mãos
se evaporam.

Fosse eu gaivota
rocha sólida
pôr do sol
ou lua afogada no mar
e todas as estrelas seriam nossas…

Mas o mar, esse mar que tu não vês, mas sentes
Leva-te recados meus
Em prosa ou em verso
Que tu lês no silêncio dos meus olhos
Enquanto te afogas
No mar da minha boca…

A. Luz
 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

TERÇA FEIRA 22-02-2012
Bom Dia......e Bom Carnaval!!!
Carnaval

Máscara coberta,
Alma a nu com medo de ser…
Fogo de penas, laços sem nome, presenças a humedecer.
Amantes escondidos, tecidos de ar.
Descubro-me ao chegar.
Movo-me entre mim, de mim para mim.
Navego em odisseias de óperas.
Óperas de amores perdidos,
Personagens despidos.
Entre rios de algas verdes,
Calçadas de pedras na pele,
Existimos juntos num carrocel…
Cores galopam dentro de mim, saltam do céu
e soltam o que não sou.
Clamam o que não chegou.
Constroem caminhos imaginados,
Pelo caminho arquitectados.
Danças no deserto húmido de sons,
Mãos no vazio da falta de outras pegadas,
Lenços de gesso no rosto, emoções obnubiladas.
Traços marcados, fechados em copas: rosto de segredos.
Saudades galgadas em penedos.
Olhar perdido, vazio, furado
Pelos (não) sonhos perfurado.

A dança, de novo: baile de máscaras.
Pessoas sem contornos, ofuscantes adornos.
Em fugas teimosas, ansiosas.
Bailes de almas sem nome,
Música, acordes, pés sem rasto, no que se some.
Vestidos calcados, pisados, desejados.
Pernas trôpegas na sofreguidão onírica.
Mascarilha lírica.
Plumas amantes, beijos cortantes pedidos por bocas invisíveis.
Identidades sem permissão,
Vozes cantadas em oração.
Sapatos de cristal, luva de cor descarnada,
Tal pomba branca, em beijos ao pescoço, lançada.
Ana Santos


Máscara de Carnaval

Escolhi a máscara de Carnaval
Com todo o meu cuidado,
Lembrei-me do meu Portugal
Que tem andado tão mascarado.

Pensei mascarar-me de palhaço,
Não, não me apetecia rir,
Afinal, figura de palhaço já faço
Com tudo que tenho de ver e ouvir.

Talvez escolha bobo da corte,
Com tantos reis e aristocrata,
Poderá ser essa a minha sorte.

Não, já sei, vou sair de mendigo,
Até já me puseram a andar à pata.
Isto está mau, meu bom amigo.

Francis Raposo Ferreira
 
FANTASIA
Dispo-me do preconceito
E visto-me a preceito
Entro na tua fantasia
Saindo da monotonia
Olhas para mim
Atento enfim
Ao meu desfilar
Só para te provocar
A tudo assistes
E não me resistes
E num repente
O momento presente
Deixa de existir
A máscara a cair
Acaba por revelar
O que pretendia ocultar
O meu outro lado
De um Carnaval passado.

 Cristina Russo
 
ESTAÇÕES DO ANO
ESTAÇÕES DA MINHA VIDA


Sob a luz duma candeia
vivi a minha mocidade.
Só havia a luz do Sol
e da Lua a claridade.

Quando chegava a Primavera
e a neve despia o manto.
Dava lugar às flores
e aos pássaros eufórico canto.
Parecia o despertar
de um inverno adormecido.
Chegavam as andorinhas
tudo fazia sentido.

O Verão feito melodia
a cigarra sua cantora.
Sempre a correr a formiga
operária e professora.

Vinha então o Outono
com as árvores depenando.
Amadureciam as uvas
como é bom ficar lembrando.
Fazia-se então a vindima
enchendo-se assim o lagar.
Trabalho duro e penoso,
mas não valia reclamar.
No Outono a melancolia
pelo chão era só folhagem.
Ir ao campo me entristecia,
mas era só uma passagem.

O Inverno era um fascínio
de um branco ofuscante.
Brilhava a neve e o gelo
quão belo era o semblante.
Cobria a terra e as árvores
enfim, toda a natureza.
O frio que me gelava,
mas não perdia a beleza.

Joaquim Barbosa
 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

DOMINGO 19-02-2012
Bom Domingo!!!!!
Sabes quanto do meu sorriso é desígnio de ti? Sabes quanto das minhas mãos é do teu corpo o movimento? O teu perfume engrandece-me o respirar e o teu amor faz-me ser mais do que o espaço que te aguarda. Hoje dispo-me do sentido das palavras porque sou mais do que tudo aquilo que pode ser dito. Sou seiva, sou rio, sou chuva, sou vento que adormece a terra. Porque sou em ti. Porque sou teu. E no teu abraço, em sintonia com a minha vontade de nele permanecer, sou. Enfim. Ser.

Paulo Nunes

 
Porto Meu
Rio Douro
Meu cúmplice de fins de tarde
Onde a nostalgia me ensina a parar
E a olhar as margens como
Braços de uma mãe
Que me embala o coração.
Que Rio imenso
Me une aqui
e me afasta, ao mesmo tempo,
De mim…e dos outros,
Que tons de céu
Se pintam nesta cidade?!
Aqui sonhei multicolor
Colhi meu filho
Derramei amor
Construí vida
Fiz-me despedida
Semeei amigos…
E vagueei alegre
Por antigos livros.
Atravessei pontes
Afundei mágoas
Redesenhei rotas
Sobre as doces águas.
Bebi de um vinho
Rubro e ardente.
Mas forte e doce
Como a sua gente.
Foi a olhar o rio
Que avança para o mar
Que me encontrei
Foi aqui…
A púbere paixão,
Por este Porto meu
Onde me abarquei.

ana homem de albergaria
 
SONHO

O sonho se espreguiçava
Kom medo se tornar real
Nakela hora matinal
Kuando o tudo em nada se apoiava

Na melodia da emoção
Vibra perene no ar
Um kanto de amar
Ke agoniza o koração

Vergado sob o pensamento
Ke inspira um poema
Kantado pela kalema
Debulha seu sentimento

Akalma a alma
Na alma da kama
Pork o coração da dama
É beleza no meio da lama

Encerro a melodia do silêncio
No tempo do rosto
E sempre a contra gosto
A beleza do solstício

Oh! sua kacike
Vá para o inferno!
E não me estragues o terno
So pork vivo no musseke!

Teodósio  Paulo Paulo


NUDEZ

DESNUDA-ME DESTE CALOR
SENTE A MINHA PELE
GOTEJANDO DE RAIVA 
E AMOR
AS PALAVRAS EM SURDINA
CALADAS COM UM DOCE BEIJO
DE DUAS BOCAS MOLHADAS
SUSSURRANDO SEU DESEJO
COBRE MEU CORPO
COM  TEU OLHAR
COM  TUAS MÃOS
COM TEU CORPO DESNUDADO
TOCA EM MEUS CABELOS
COM TEUS LÁBIOS SEQUIOSOS
QUERO
O TEU OLHAR
A TUA VOZ
A TUA MAO
EM MINHA MAO
QUERO
O TEU SORRISO

Rosa Maria Silva Gomes