sábado, 24 de março de 2012

SÁBADO 24-03-2012
Bom dia.....com muita poesia!!!
DEVASSA

Em dois passos de fim de tarde
mantos luminosos do ocaso
trouxeram árvores sonâmbulas.

E nem um sorriso as despertou...


Por duas janelas abertas

uma lua deveria entrar.
Só vi céu negro no regaço.

E nem um frémito a cativou...


Em uma manhã de Primavera

colheram duas violetas no jardim
sob o espanto de Sol devasso.

Adivinha, meu amor, quem as roubou...



José Brites Marques Inácio 
 
Erosão do coração

O meu anjo ganhou asas
E deixou de partilhar a alma, comigo
O coração levita em dor.
A recordação asila, o seu parecer
Mas permanece, acesa.
Habitas desde o primeiro dia,
Dentro de mim,
Colocas lágrimas no meu rosto,
Mas mesmo assim eu não te desmaio.
Quando penso em ti,
Escondo-me da noite,
Mas o tempo não apaga,
Só adormece, o que eu por ti sofro.
Mastigo a verdade em segredo
E sinto o peso do orbe, nos ombros.
O sabor desvanece,
O teu cheiro desaparece
E as dores latejam (me),
Quando o céu está nublado.
O fogo extingue-se lentamente
E o coração sangra
Sem compasso, vazio e oco,
Não resiste à erosão do tempo.

Telma Estêvão



Disser(tesão)...
 
Concebo apenas o súbito
Jorrar dessa lava quente
Que me devora neste instante
Como sendo a face visível do vulcão
Dos mil sóis que inexoravelmente
Alimentas de lascívia e paixão

E foi aí, nessa poderosa fornalha
Que nasceu o mais imponderado
E lúbrico dos sentimentos
A que ousei chamar
Tesão

Um caminho infinito
Que percorro sem descanso
Num vai e vem consentido
Palmilhando todos os trilhos
Que vou desbravando em ti
Tesão

Há um rio que nasce
No exacto momento
Em que toco tua nuca
Que vou beijando em círculos
Gozando em cada poro que penetro
Sem pressas porque em tua foz de luxúria
Repousa o desejo que num desenlace ou êxtase
Nos afogará na loucura do prazer supremo, adorável
Tesão

E assim cheguei ao fim
Pela fímbria, desenfreado
Para te reencontrar no núcleo
Caldeirão de delírios nossos, magma
Explodindo nessa cúmplice erupção
Definitivamente nosso
Tesão...

João Galante


| Será que adormeci no inverno...
Meus sentidos perdidos, gritam suspiros...
Será que sonhei com tal sorriso terno...
Minhas noites pesadelos, suores frios...

Sonho e volto a acordar...
Com o anseio do teu corpo, do teu olhar...
Palavras perdidas no meio do amar...

Tento acariciar-me em lembranças...
Começo a sentir-me suada...
Naquele inverno cheio de esperanças...
O inverno já foi, e vem de novo a madrugada...

Afinal um sonho foi...
Um nada, espetado em mim...
Esperando que tal inverno, tenha fim...


Eunice Oliveira


sexta-feira, 23 de março de 2012

SEXTA FEIRA 23-03-2012
Bom fim de semana....
TOMAR
Tomar, minha bela cidade
O Nabão te fez elevar,
Tua frescura me invade
Pela magia que paira no ar.

Teu castelo, bem vistoso
Demonstra a tua imponência,
Gualdim Pais poderoso
É para mim uma referência.

Tomar, cidade encantadora
Mostra todo o teu esplendor
Prova que és acolhedora.

Falar de ti não é favor,
És uma cidade vencedora
Em todo o lado fazes furor.
Luís Ribeiro
 
Desafogo

Queria que esta angústia que me mata,
Se fosse da minha vida,
Tal ventania passageira

Queria poder chorar,
P’ra meu coração aliviar…
E tendo esta noite passada,
Sentir de novo minh’alma lavada

Fátima Rodrigues
 
A FLOR DO RODODENDRO!...

A flor do rododendro
É de azul-branco celeste.
Tem lá o beijo dentro,
Que tu um dia me deste.

(Acácio Costa)


Fraude
Sabes de cor a lição,
Rezas sem saber a quem.
Tudo! É que a condição
É mostrar que fazes bem.

Palavras? Leva-as o vento.
Acções? Só com quem as faz.
Dizes-te um homem atento,
Só para vires no cartaz.

Se todos fossem assim,
O que seria de nós?
Luto por ti e por mim
E nem preciso da voz.

Choras aqui e ali…
Que te roubaram o pão.
Greve? Não é solução!
Alguém que faça por ti.

Chamas a isto o quê?
Eu chamo fraude, também.
Não fazes greve, porquê?
Vives à custa de quem?
Maria da Fonte
 
 

quarta-feira, 21 de março de 2012

QUARTA FEIRA 21-03-2012
Flores e Poesia.... Bom dia!!!
Poetisas, poetas e trovadores
Entre todos vós quem dá mais
Suspiros pelos vossos amores
Ou gemidos, suspiros e ais?

Poetisas, poetas e trovadores
Vós que sois amantes da poesia
Vinde trazei e ofereceu flores
Colhidas no jardim da fantasia!

Poetisas, poetas e trovadores
Tragam para a poesia flores
Coloquem-nas neste cantinho

Ponham uma jarra ao peito
Enfeitem-na com muito jeito
Com muito amor e carinho!


 Abílio R. Aires


PRIMAVERA

A Primavera chegou
Há um perfume no ar
As árvores estão floridas
E os pássaros a cantar

Os rios estão murmurando
Os sinos estão a tocar
O céu vestiu-se de azul
O Sol continua a brilhar

A vida impera
Viva a Primavera!
Maria Baiona
 

 

Poesia

Poesia
É um sentir de alma, reflexo
Que nos move e faz viver, ansiosos
Ser dado a conhecer, libertador
Nesta dor contínua, neste aperto
Que nos invade e, na poesia, se esvanece.
Poesia
É uma forma de estar na vida
De revelar os nossos sentimentos e tensões
Na variabilidade dos humores, de momento
Que transmitimos em alegria ou dor
Tão própria de quem vive e muito ama(?).
Poesia
É para quem a quer, em abraço firme
Numa dedicação sem compromisso, livre
Seja na escrita, na leitura, atentas
De que vive (sofre e ama)de quem escreve
No rever se nas situações abordadas, de quem lê.
Poesia
É um alvoroço constante, de ideias que surgem
De vontade em expressar que se sente e pensa
Em raciocínios, mais ou menos elaborados
No deixar a escrita fluir - sem entraves, e na leitura
Na felicidade de colocar em papel (ler), algo, até tão intimo.
Poesia
É - também, um estado de todo um ser
Onde a urgência das palavras se revela
Num soltar de amarras e sair livre
Ainda que seja por breves - consoladores, momentos
Na liberdade que este estado: tão bem permite!

Luís Gomes Pereira
 
Primavera
Uma mulher fogosa, sedutora,
a primavera chega sorrateira.
Em movimentos ousados, sugestivos,
escorre em deleitosa cachoeira.
Deposita segredos sussurrantes
em ouvidos de pele arrepiada,
acirra desejos nos amantes,
subjugados…e ela extasiada…
Todos se perdem nas curvas do olhar,
no suspiro lascivo e sibilante,
no desejo indomável de a tocar,
no apressar da chegada ofegante.
O profético jogo da sedução
leva a amante, sedenta de prazer,
a ceifar do harém da tentação
o desejo insaciável do querer.
O fugidio instante é agora eterno,
ao ir sugando o sangue do inverno.
 
Maria da Fonte
 
 

terça-feira, 20 de março de 2012

TERÇA FEIRA 20-03-2012
Tenham um dia com muita Harmonia!!!
 Dia do Pai
Meu Pai

A minha memória de ti, pai,
Ficou eternamente marcada em mim,
Na fragilidade do meu ser,
Que tu, pai pouco depois deixavas de ver!

Partiste cedo,
Não viste crescer o rebento
Que fecundaste
E que regarias com o teu amor,
Mas secou-te a seiva do teu coração
E deixaste de cuidar do teu jardim!

Mas eu sei Pai...
Que no cintilar das estrelas,
Envias-me a tua luz,
Para que eu não tropece nos escombros,
Escondidos na escuridão da vida!

Sinto que abres e me levas pelos caminhos,
Da honra e dignidade,
Que tu tanto defendeste!
Obrigado meu Pai, pelo caracter bom
Que eu herdei de ti!

Um dia, Pai, vamos dar-nos os abraços,
Que não tiveste tempo de me dar!

Senti falta de ti na minha caminhada,
Mas fui compensado duplamente,
Com o amor da minha mãe,
Do teu, que não pudeste dar-me!
Ela, Pai, foi a minha mãe e o meu Pai
E tu bem sabes disso.
Quero um dia encontrar-vos juntos,
Até lá...

José Carlos Moutinho
 
Dia do Pai*


A Ti…sentido…
Meu Amigo,
Meu Amado… Pai*

Hoje… re-nasci,
Em teu coração ausente,
Na última estrela,
Brilhante no firmamento,

Escreves-te a sal gotículas,
Nestes olhos que ousaram te tocar,
Senti-te marinheiro no pulsar,
Tranquilo da minha corrente plasma,
E o tempo estagnou no te recordar,

Sentei-me ao teu colo,
No abraço repetido e sorrido,
E de todos os que ficaram por dar,
No beijo moreno e feliz,
Da tua menina que tanto amavas,

Habitas-me no segundo de vida,
Neste meu que é teu lar,
De valores, de amor, de saudade,
És-me a memória sofrida,
Parida e partida da volta da vida,
Que não nos permite evitar…

Mas longe… aqui tão perto,
Tão dentro e fora de mim,
Eterno é o teu lugar… Meu Pai*

Cristina Correia
 
DIA DO PAI

Meu pai


Que desilusão
Dor imensa
Pensar encontrar te
A pé, lanchando
Sorrindo e conversando…
Ver te aí, deitado
Lutando pela vida!

Arfante, peito sobe e desce
Doloroso (ainda mais), tanto mais,
Ouvir te!
Habituado a tua voz
A graças que contavas
Sempre jovial, sorridente…
Aí deitado - agora
A lutar pela vida!

Não acredito
Estás tão mal; deitado; imóvel
Ah, saudade de ouvir
Escutar tua voz
Histórias que contavas
Como ninguém
Piada imensa tinhas, só tu…
Aí deitado - agora
A lutar pela vida!

Levanta te, toma lanche
Vem falar com teus colegas
Fala: comigo!
Tira bocal, larga essa máquina
Fala comigo
Diz que vais ter alta
Pergunta quantos perdi…
Aí deitado - agora
A lutar pela vida!

Conta a do “lanchar caldo”
E a das cerejas
A das esmolas
Do pai falador, do filho mandrião
Dos teus jogos de futebol
Fala comigo
Fala de ti, Zé Pirata…
Aí deitado - agora
A lutar pela vida!

Tão cansado estás
Resistes; desiste
Doloroso escutar te
Sentir que lutas por nada
Triste estou com realidade
Luta infrutífera…
Desiste, meu pai, mereces descanso.

Tanto fizeste
Quase sempre bem feito
Vertical; honrado; honesto
Desiste, mereces descanso
Mãe(ela sim) vai sofrer
Saudade imensa
Apesar de tudo
Vai ter de ti, ela tanta
Tua companheira, sempre...
Desiste, meu pai, mereces descanso.

Vida plena, de trabalho
Essencialmente
E - agora, novamente em trabalhos
Dói tanto esta luta que travas
Em resistir ou desistir…
Desiste, meu pai, mereces tanto o descanso.

Sentir que me ouves
E não consegues responder
Despedida que não tivemos
Sentido de vida, tão pouco
De ti me despeço
Aí deitado, agora, desiste…
Descansa meu pai
Tanto - infinitamente - o mereces!

Luís Gomes Pereira
 
DIA DO PAI

Retrato

Olho o teu retrato
gasto dos meus olhos
que temem perder-te
no desfolhar do tempo

olho o teu retrato

puído das minhas mãos
que guardam a memória do teu rosto
do teu sorriso franco e amigo
que deslumbrava os meus dias
como o sol as madrugadas

sai do teu retrato

afaga-me o cabelo
e deseja-me boa noite.

Clara Maria Barata
 

segunda-feira, 19 de março de 2012

SEGUNDA FEIRA 19-03-2012
Feliz dia para todos!!!
♥ Ao amigo ♥

Do conforto, da amizade
com a verdade
digo
que preciso de um amigo!

Aquele que me acompanha
me escuta
e me diz
para ser feliz.

Como é bom saber
com quem contar
ter alguém de amparo
que nos consegue respeitar.

Ter um amigo sincero
é como um tesouro no mar
perdido e difícil de encontrar,
mas é isso que eu quero.

Quero e vou conseguir
Um passarinho piou-me ao ouvido:
- Podes ir, é como te digo,
já tens um amigo
que te põe a sorrir!


Sandra Marques



* Domingo, o jornal, o café e a esplanada *

* *

os olhos correm

juntam símbolos e correm

decifram a mensagem

fixam a notícia

detêm-se por breves momentos

para medirem a realidade circundante

da esplanada do café


o tempo de virar a página


e ei-los a correr de novo

até à última linha

entre amores e ódios

delírios e intrigas

prazeres e dores

leis e razões

dúvidas e medos

sonhos

esperanças

e cantos


imensa roda

a preto e branco

de um mundo que é sempre notícia


aberta aos sentidos *

* *

antónio
 
UM DIA COM A NATUREZA

FOI NUMA MADRUGADA QUE A NATUREZA EU QUIS VISITAR.
AS ULTIMAS ESTRELAS.. AINDA ESTAVAM NO CÉU A CINTILAR.
A LUA, CANSADA DE UMA NOITE EM CLARO RESOLVER SE RETIRAR.
E EU ENVOLTA NUM MANTO DE MISTÉRIO...COMECEI A CAMINHAR.
QUASE TODA A NATUREZA INOCENTEMENTE... ESTAVA DORMINDO.
O SILENCIO ERA TOTAL E UMA TAL EMOÇÃO...ESTAVA SENTINDO.
EIS QUE UMA SUAVE BRISA MATINAL....ME VEIO CUMPRIMENTAR.
ME SEGREDOU BAIXINHO QUE O SOL ESTÁ QUASE A SE LEVANTAR.
UM ROUXINOL CANTOU......... UM MELRO LOGO O ACOMPANHOU.
DEPOIS MUITOS MAIS SE SEGUIRAM. O BELO CANTO ENTOOU.
AO SOM DESTA MELODIA A NATUREZA SORRIDENTE ACORDOU.
O SOL DO HORIZONTE SE ERGUEU E DEPRESSA TUDO AQUECEU.
À SOMBRA DE UMA GRANDE ÁRVORE ME SENTEI ...E OBSERVEI.
ESTA ÁRVORE ATÉ PODE TER MAIS DE UM SÉCULO EXCLAMEI.
INOFENSIVAS, INDEFESAS ÁRVORES ANSIOSAS POR MOVIMENTO.
AGUARDANDO A TODO O MOMENTO A VISITA DO AMIGO VENTO
EIS QUE SURGE O VENTO... QUE AS BALANÇOU E AS DESPENTEOU
E ENTÃO UMA DANÇA FRENÉTICA MAS HARMONIOSA SE INICIOU.
DANÇAVAM AO COMPASSO E RITMO... QUE O VENTO ORDENAVA
ENVOLVIDAS PELO SOM DA MUSICA DAS AVES QUE NO AR PAIRAVA.

AURORA MARIA FERREIRA DA CRUZ MARTINS AFONSO
 
VEM!

“ Pensando nas Açucenas do Jardim – COSMOS.”

Vem!
Não digas - Não!
Vem!
Não digas - é noite!
O Sol acaba de nascer.
Vem!
Não digas - é longe!
A Terra e a Lua, beijam-se.
Vem!
Não digas - é perigoso!
O amor é mais forte.
Vem!
Não digas - é proibido!
O mar é largo e livre.
Vem!
Não digas - é duvidoso!
O nosso desejo é infindo.
Vem!
Não digas - parte sem mim!
A torrente é contrária:
uma força, mais outra força,
são vento bonançoso da primavera,
ninguém o detém:
só padeço e faleço.
Vem!
Ao nosso encontro azul,
Ali,
Na nascente da torrente.
Vem!
Só,
morro a jusante do desejo.
Vem!
Não digas - não:
O Sol morreria;
a vida seria luto.
Vem!
Estou onde sempre estive,
na casa do vento:
esperançadamente, esperando,
mas sei que a vida é –
Finita.
Vem com a brisa matinal -
VEM!  
 andrade da silva
 

domingo, 18 de março de 2012

DOMINGO 18-03-2012
Bom dia e um Santo Domingo!!!

 SOBREVIVI!

Mais de meio século de vida.
Vida, vivida e sofrida,
em toda a sua plenitude,
fazendo por manter na mente,
sempre viva a juventude.

Cheguei aqui. Sobrevivi!
A tempestades e terramotos,
desilusões e maremotos.
Sonhos destruídos,
mas sempre...
... reconstruídos.

Feridas em mim provocaram.
Amaldiçoada por uns,
mas muito amada por outros.
Chorei e choro,
até a alma lavar...
... secar e purificar.

Cheguei ao inferno da vida.
Tantas vezes caí,
e como uma bola de neve,
rolei montanha abaixo,
até ao ponto de partida...
... chegar!

Fui e sou Mulher inteira.
Já me cortaram ao meio,
em quartos...
... nas fatias que desejaram.
Mas, com garra e força,
voltei cada pedaço de mim,
com amor a colocar,
inteiro...
... no seu lugar.

Peguei em todos os cacos.
Apaguei do passado o desdém,
a indiferença, o desamor.
Como uma tecelã, uni
cada pedaço...
... deste coração maltratado.
Em cada pedra atirada,
peguei...  e uma a uma,
junto com meus filhos,
construí assim...
... o nosso cantinho de amor.

Continuo a lutar  p'ra melhorar,
a essência dentro de mim.
Contra ventos e marés,
volto sempre a sonhar...
... a mim a regressar,
e à dignidade a valorizar.

Quantas "batalhas" eu travei,
e quantas, continuarei a lutar.
Sem armas,
sem guerra.
Munida unicamente,
p'la mais bela palavra...
... simplesmente, Amor!

Nessas "lutas", quantas vezes caí.
Mas mesmo,
no meio da minha fragilidade,
surge em mim  uma força,
que me faz reconstruir,
renovar...
....e com isso, sobrevivi.

Lutadora? Sou!
Não importa quantas vezes ainda venha a cair.
Nem quantas "batalhas" venha ainda a travar.
Estou segura,
de que acabarei sempre de pé,
com força na alma e na voz p'ra gritar:
Tentem...
todas as vezes que o desejarem,
a mim me derrubar.

Medo? Não o tenho!
A cada batalha travada,
com força, alento e amor,
Alguém pega minha mão,
e a levantar me ajuda.
Como num sussurro "ouço":
Força!
Levanta-te, ergue a cabeça,
e com amor e humildade segue,
o que sabes ser...
... o teu caminho!

Susana Maurício


A Fonte do Prazer

Hoje passei pela Fonte
E ao banhar-me em teus beijos
Afoguei-me no deslumbre da paixão

Inebriantes carícias
Mãos sábias, desabridas
Túrgidos seios, arfando em círculos

Descobrindo caminhos na minha boca
Lançando barcos que vão para longe, escoltados
Por bandos de aves cruzando a esconsa linha do horizonte

Amei-te no olhar de uma delas e ao levantar-se
Do chão o sol trazia uma espuma que podia ser nossa
Por cheirar a terra revolvida de corpos acabados de copular

Eis que se turva o céu de sangue negro coalhado
E num repentino grito apagas-te no meu sonho
Eu quero fingir que não sonhei, e belisco-me
Até que a dor consuma estes pés de vidro

Finou-se a fonte do prazer
Numa mais que fria equação do tempo
Os sentidos atropelam-se nos cacos dispersos
A esmo, esmoler me confesso em teu altar ardente
Persignas-te como se eu fosse o diabo, morto
Na cruz crivada de cacos e ofereço-me em sacrifício
Num último e adocicado olhar te percorro etéreo e frio
Fico por ali, nu, na berma, como cão sem dono acometido
De…
Ti.

João Galante



 
Solta-se o grito
Vencido p'la luxúria
De todas as palavras
Nascidas da fertilidade
Exacerbada dos sentidos:
Porque o amor desgasta os corpos,
Enquanto ilumina o verbo.

Sendo assim...


Diz-me:

Porque depositas
No meu peito
Rosas vermelhas,
Nessa ânsia
Com que te revelas
Em cada noite
Que a lua te ilumina o olhar?
Adivinho-te meu amor,
Nas noites escuras,
Sinto o aroma
Com que me revestes a pele
Do mais profundo desejo
De toda a carne.
Diz-me:
Porque o luar
Te inspira o corpo
Nessa ânsia
De me redescobrires
Nos lençóis da lua?
Diz-me!, porque preciso saber...

(eu) Cristina Cebola

"Pudesse eu"
 
Pudesse eu, sentir a cor do Amor
Pudesse eu, sorrir sentindo
Pudesse eu, escravo do seu esplendor
Voltar a viver este sonho lindo
Pudesse eu, percorrer este caminho
Pudesse eu, deixar-me encontrar
Pudesse eu, envolver-me no seu carinho
Não quero deste sono acordar
Pudesse eu, evitar esta dor
Que de sangue em mim se fez
Pudesse eu, sarar com teu amor
Minhas feridas outra vez
Pudesse eu,voltar a escrever
Para nestas linhas explicar
Este veneno que alimenta a dor
Estranha forma de amar

* cada dia mais actual :-(

Jose Penalva