sábado, 3 de março de 2012

SÁBADO 03-03-2012
Bom fim de semana
RISOS

E ris-te,
como se fosse
caso de somenos,
cousa pouca,
fazer explodir os céus
bebendo o mel da tua boca.

Aníbal Raposo


      Dança comigo,


           Dedicado ao meu pai:
Olho-te sempre sorrindo, embora  triste ao reconhecer em ti, as características que o tempo transformou.
Apesar de te ver todos os dias, prefiro fingir não reparar  atentamente, o quanto tens envelhecido nos últimos tempos, Como é possível?...
Vejo-o, como um punhal que se crava no peito!
Por mim, ou para mim, serias eternamente jovem, aquele pai tão cheio de vida, que me pegava pelos braços e me "convidava" a por os meus pés em cima dos dele, para que juntos dançasse-mos aquela valsa...e eras tu e eu , rodopiávamos leves, como se fossemos só nós dois a existir no Mundo...
Claro que a verdade, é que os anos passam,todos envelhecemos e tu próprio quando me olhas , vês não a tua menina, mas alguém que o tempo consumiu .
Continuamos no entanto, detentores de um amor enorme que nos une, serás sempre aquele pai que me ensinou a dançar, que me fez quem sou, aquilo que sou, devo-o a ti.
Falarei sempre de ti da mesma forma, com o mesmo carinho e devoção que só a ti, te concedo.
Envelhece a meu lado, com a cabeça erguida e prepara-te pois agora vamos dançar de novo, só que desta vez, colocas tu os pés por cima dos meus e sairemos numa valsa, com voltas e mais voltas que a vida nos permitir.
Amo-te tanto pai!!
          Lina Pedro

   

Ainda não morri

VIAGENS COM DOR

Desnudei-me, vesti farda de palhaço
carreguei nos ombros peças de frio aço
ao dançar ao som de marchas militares.
Protegendo ouro resisti a milhares

E arregaçando mangas carreguei aviões
para embarcar sonhos nos porões
aos que partiam esquecendo-se de mim.
Ficou a angústia nas noites sem fim

Voavam para a terra q’ os vira nascer.
_ Boa viagem senhor, até mais ver!
_ Agora parto, um dia talvez regresse!

Mesmo sabendo do que a alma padece
lavei a lágrimas pistas de alcatrão
até ao dia que deixei de sentir o chão

Cito Loio

Os Privilegiados

O tempo passa,
Você cresce...
Com você, o coração...
Contrário a razão!!!
Amores vêm e vão...
O tempo continua a andar...
Privilegiados podem existir,
Os que cosquinha na alma sentir!!!
Ai sim os tais ditos amores se vão por certo,
O sentimento que brota é correto...
O Amor!!!
Nada de plural,
O singular é o concreto...
Thelma Brum
 
 

sexta-feira, 2 de março de 2012

SEXTA FEIRA 02-03-2012
Bom Fim de Semana
Regressar ao chão
Chamo-te, em silêncio, do alto da montanha
para não acordar as águas que te reclamam.
Vejo-te como se nunca tivesses partido
embora o Outono avance pelas tardes
e as folhas caiam de cansaço.
Procuro-te ainda nos orifícios do tempo,
no rumor da brisa que aflorava o teu rosto
quando, tu e eu, nos perdíamos nos bosques
distantes do frio inclemente da cidade.
Aliás, nada mais existia para além de nós
bastava-nos a melodia das folhas,
os trinados das aves,
a transparência das águas,
os dias a irromper pelas mãos,
descalços os pés, a soletrar o chão.
Por isso te vejo como se nunca tivesses partido
embora a chuva se insinue impiedosa no peito,
as mãos estremeçam no abandono das tuas
e as noites, sempre as noites, na iminência do abismo.

Hoje, enfim, compreendi: escalada a montanha,
há que regressar ao chão.

O grito persiste sufocado na garganta.

Clara Maria Barata
 
Oscilações

Cabelos pretos ondulando ao vento
E esgares trocistas para os transeuntes....
Está atónito este passageiro no comboio do tempo....
O sol ao levantar-se
iluminou-lhe a vida...
vai recomeçar o caminho debruado da esperança...
Somos o mar ,viandantes da brevidade ...
Mas a carne,com os lábios,seios,peito,da mulher esbelta
atrai-o...
Vamos ao cair do orvalho e
olhando o horizonte,
sacudindo as mágoas....
Somos breves.
Colorida página,gravada
em poema na vida férica e
no tempo....
Ele torna-nos invisíveis...
Somos pequenas partículas,enaltecidas
pelo amor e
na paixão cultivamos a
união com o Universo...
Nesta página há frases e formas-poemas
do teu sofrer e
do encantar o mal
mas na vida
plural
 escrevi o poema
com letras humanizantes...
É o progresso de mim em ti...
O relevar da passagem do vento,
varrendo as
folhas macilentas
do chão,
E o olhar,cúmplice que
faz o dia
no teu abraçar
e em desejar
a claridade
nesta imortalidade....Somos eternos,
vento,sonho,luar,porque
somos sublimes...
Oscilantes .......gostos
Marcantes....gestos de gratidão....

Agostinho Borges de Carvalho
 
CARNAVAL

Apenas entró el día y el carnaval comenzó.....
en un desfile de máscaras....cuerpos danzando sin gracia,
fantasías de colores y música desencajada.
Unos ivan y otros venían...y en mi cabeza resonaban.....
sus risas soltadas al viento...reían y reían... y yo entendía nada.
Huí entoces sin rumbo..... para que no me atraparan,
se me hizo aquél instante el más eterno de los minutos.......
un carnaval de dementes, un delirio y ofuscación,
que ocuparon mis pensamientos... y atraparon mi razón.
Corrí por el monte arriba para encontrar un sosiego....
mi rostro se humedecía, de las lágrimas que vertía....
encontré donde sentarme y comtemplar todo aquello,
con raciocinio y reflexión.... pero hasta allí me siguieron,
volviendo aquellos dementes a secuestrar mi cordura.
Míraba al cielo y suplicaba...!!suplicándole a mi Dios!!
que todo aquello acabara.... que se se llevara aquella locura,
que perdonara mis pecados y me devolviera la razón.

Carmen Muñoz Fernández.
 
Pedaços de mim!

por vezes caminho...
e deparo com uma encruzilhada
e então digo:
tenho dias em que preciso de falar...
preciso de abraços...
tenho saudades...
busco em redor mas não te encontro...
será que a culpa é minha
e não dou conta?...
quem sabe se não afasto as pessoas...
se te afasto de mim?...
importa...
mas que fazer...
saudade vou ter sempre...
diga o que disser...
o que venha a suceder...
porque sabes?...
o passado não rasgo!!!
estou no presente...
quero o futuro...
quero-te por perto...
falar num doce divagar...
sem magoar...
apenas num dizer...
num brincar...
porque a vida é assim...
coisas!!!
 
zeal 


quinta-feira, 1 de março de 2012


QUINTA FEIRA 01-03-2012
Dia feliz......
 GANHEI-TE AO MUNDO
Se sentires na nuca um sopro quente,
No pescoço, um beijo húmido,
Na face, dois dedos que te viram,
Na boca, uns puxões mordidos
E no baixo ventre, as minhas mãos,
Vira-te...
Sentirás a quentura do sopro no pescoço,
A humidade do beijo nos teus lábios,
Os dedos que dedilham na tua nuca
E as mordidas, numa das tuas orelhas…
Quanto às minhas mãos, essas…
Elas estarão em toda a parte:
À vista desarmada, nos teus olhos
Ou escondidas, entre o teu cabelo…
E se pensares que sonhas, belisca o mundo inteiro
E ouvirás os ais que ele dirá…
Não para que te prove que nada disso é sonho
Mas para que o grito alto lhe saia em uníssono,
Para clamar por um sono que chegue depressa
Onde em sonho que surja, ele te toque e tenha…
Já que à luz dos dias
E em noites em claro,
Tu és minha…!
Sérgio Lizardo
 


De Ti

de ti guardo
os silêncios
os olhares
as carícias
o sorriso
a mão

Em mim guardo
os teus lábios
os teus dedos
o teu cheiro
a tua pele
a tua seiva

de nós guardo
a ternura
a brisa do mar
o sol a poente
o luar
a erva orvalhada
sob o amar

a ti peço
que não vás
nunca antes
de
eu
partir.

Fátima Guimarães 

FRUTOS SILVESTRES


Vidas sem tempero
sem sal, sem pimenta!
exibem as suas faces nuas
em agonia, em desespero!

No meio da sarça ardente
passam noites insípidas
no canto do desencanto
deitados no chão, no papelão
nas ruas da cidade

Mal o dia acorda...
deambulam pelos caminhos da vida
erguendo as mãos à compaixão...
quando a sorte os amadrinha
o estômago se regozija
num jubiloso relâmpago
que se apaga na esquina seguinte!

Ai!... frutos silvestres...
doces e suculentos!
esperam por alguém que os recolha
para não amadurecerem, caírem
e por fim apodrecerem...
___________________________________
Por: Lopapo Poeta
 
"Sal"

Se eu pegasse numa das minhas lágrimas
e a cultivasse em mar bravio
virias molhar os pés na minha margem
mergulhar a pele na agua fria
e flutuar ao sabor da minha vida

Se as ondas gritassem a minha dor
ao bater na rebentação por ti
ias enfrentar as marés
e provar o sal depositado a teus pés

Se ganhasses coragem
para explorar o leito profundo
conquistar os abismos
e em mergulho livre
tocar o silêncio do fundo
eu secava as minhas lágrimas
e devolvia-te são ao mundo

MafaldaDuarte
 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

QUARTA FEIRA 29-02-2012
Boa tarde! Resto de um dia feliz.....
Saudade em mim

Quero o rosto que tive
nas linhas das minhas mãos
percorrer os sulcos leves
que julgava serem meus...

Saio alheada de mim
na busca infinita de trazer-te
no voo dos meus olhos
sedenta da tua boca
e de tudo que foi teu
e foi meu...
julgava ser...

De rosto em rosto
leio um amor ausente
e imploro à memória
feições de ti...
à alma
as palavras remotas
que saciavam a fome

Mas todos os rostos me olham
apagados de sorrisos
na rigidez e opacidade do tempo
Desmemoriados...

E na febril procura de ti
vagueio de rosto em rosto
a perder-me na noite corroída de sonhos
E...abandono esta margem
na leveza de sinais acalentarem
o regresso de um rosto...um rosto a desenhar no peito.

O teu já esqueci

Rosa Fonseca
 
SAUDADE…

Aí, saudade que eu tenho
de estar contigo…
de falar contigo…
de te ver...
quando partes…
de te abraçar…
esta forma de sentir
Saudade de ter saudade…
Saudade de ver o Sol…
de sentir deste meu sentir saudade
Saudade um sentir único deste sentido povo latino.
Quando te aceno com um lenço branco.
Quando partes no porto.
Quando não estás…
Saudade, canção deste meu fado…
Sinto saudade quando estás longe…
Sinto saudade de te escrever.
No corpo deste teu partir…
Psst! Psst!... onde vais Tu…ó saudade.
… vou e volto mais logo para junto de Ti… Saudade.
Saudade.

José M M Pedro
 

SAUDADE


Saudade atroz
Corróis…
Destróis….
matas o arco-íris
do meu rosto
do meu corpo,
do meu sentir!
Não te ver,
Não te olhar,
Não te sentir,
deixa-me um travo amargo na boca,
O sabor mais intragável
Mais dilacerável
Que uma Alma pode sentir…
A saudade!!

Tina Tinoco
 
SAUDADE


Saudade :
Sinto de tanto (o que tenho tão pouco).
Sinto de quase nada (quando tenho tudo).
Sinto – isso eu sei que sim, saudade…
Saudade:
De ti quando não estás – andas distante.
De minha profissão (emprego) – que me fugiu.
De meus filhos – longe, em suas vidas.
De tudo que já tive e agora: só tenho míngua!
Saudade:
Dos meus tempos de criança
Onde o tempo não passava – eternas horas
Brincadeiras prolongavam se, não tinham fim.
Saudade:
De meus filhos bebés e crianças
Sob meu domínio, sempre presente
Num controlo de vidas, que agora já não tenho.
Saudade:
Dessa de que todos padecemos – de amores que não voltam.
Das paixões a que pensávamos não sobreviver.
Das vontades de tudo, sem medos : loucamente, viver!

Luís Gomes Pereira
 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


TERÇA FEIRA 28-02-2012
Bom dia!!!!
Quero ir por ai
mastigar o céu de agora
abraçar um punhado de nuvens
beijadas de vento
e pintadas de mar

José Guerra


Em teu corpo abarquei…
O meu corpo sem vela…
Em teu corpo me espraiei…
Como pintura sem tela…

Em teu corpo me perco…
Em teu corpo me prendo
Em teu corpo eu desato…
O meu adoçado lamento…

Nesse encanto me perdi
Rumo, ao infinito desconhecido
E, do teu corpo eu fiz,
O meu secreto, porto de abrigo.

Em teu corpo reluzia…
O meu, como estrela candente…
Queimando desejos e fantasias
Que dele brotam iminentes

Em gesto brandos te sonhei…
Em cantigas, que não cantarei
Em cantos, de puro espanto…
Que adornam meu precioso manto.

Mel Almeida
 
AMOR!
 
Esperei por ti, não vieste...
Não faz mal, vives
no meu pensamento,
por isso não lamento.
Sabes? Sou-te leal.
Sei que amanhã virás
Com esse lindo sorriso,
esse ar de menina sã.
Meu Deus! Não sabes
quanto desse teu ar
eu preciso!!!
Desfaço-me em pranto
e fico indeciso
se te hei-de amar
ou esquecer!
Quero falar-te
e te ver!
Quero...
navegar na doçura
desse teu lindo olhar
Estremecer na ternura
que tem esse teu ar
e beber sem parar
essa tua suave frescura
viçosa e colorida
de mulher madura
e sempre muito...querida!!!

José Páscoa


QUEM ÉS?

Quem és tu
que em sonhos me apareces
te olho, te sinto
me sorris, eu sorrio
no teu peito me encosto
me abraças e em ti me enrosco
e fico feliz
de mesmo a sonhar
eu te ver
e tanto amar

Tua voz é doce
terno o teu olhar
mas, quem és
que em sonhos tão bem te mostras
te conheço te gosto te tenho apreço
mas ao acordar
reconheço
que afinal não sei quem és
pois sinto que te não conheço!

Luisa B. Moreira


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


SEGUNDA FEIRA 27-02-2012
Boa tarde e bom início de semana!!!
INTERIORIZANDO
Há algo em mim
Que meu pensamento leva
Certa angústia
Uma névoa
Às vezes constante
Às vezes errante.
Há algo em mim
Que mesmo sem asas
Faz voar
Certa alegria
Luz serena que me guia.
Há algo em mim
Que me faz sonhar
Dormindo, ou acordada
Sorrindo sendo plenamente amada.
Há algo em mim
Que mesmo triste
Quando a solidão insiste
Faz continuar
Ensina a acreditar.
Há algo em mim
Profundo e desconhecido
Declarando sem cessar
Só Amor faz sentido.
Há algo em mim
Eu sei
Sinto
Suspiro
Respiro
Espero
Assim vivo.

Lucilia Mendes
 
Se eu fosse brisa

Ah... mas como eu gostaria de ser brisa,
Que suavemente te beijasse
E no meu sussurrar,
Quase silencioso te falasse do meu amor!
Abraçar-te-ia no sopro quente de mim
E envolver-te-ia num abraço,
De doces e palpitantes sensações!
Levar-te-ia junto do meu peito
E bem juntinhos...
Como as nuvens que nos afagam,
Voaríamos sobre vales de calmaria,
Subiríamos as montanhas das emoções,
Sulcaríamos os mares das ilusões
E nas ondas dos prazeres inventados,
Deixaríamos os nossos sentidos,
Serem levados na inconstância das marés,
Atravessaríamos o horizonte
E quando o sol cansado lá no firmamento,
Beijasse o mar...
Eu deixaria de ser brisa
Os nossos corpos acoplar-se-iam.

José Carlos Moutinho


APENAS UM BANHO QUENTE

A água quente cai lentamente
Enquanto a espuma
Cobre o meu corpo desnudo
Fecho os olhos
Respiro esta paz
Esta envolvência
O toque da água
O silêncio
E deixo-me invadir
Por este calor
Que me aconchega a alma.
Sinto os meus pensamentos.
Estão irrequietos
E dançam
Sinto as palavras
Que se entrelaçam
Formando frases
Pareço louca
Eu sei
Mas as palavras teimam
Em me seguir
Eu permaneço de olhos fechados
Tentado ler os meus pensamentos
Percebe-los
Na esperança de me encontrar neles.
Serena.
Tranquila.
De encontro comigo.
Quase que me desmaterializo
Quase que vejo a minha alma reflectida
No espelho embaciado
Dançando com as palavras
Irrequietas.
Enquanto tomo um banho quente
Nesta tarde fria de Inverno.

Cristina Vaz



* * *


que horas eram
quando Unamuno ouviu gritar
" morra a inteligência "
e com ela o sonho

quando Galileu mentiu

e Joana ardeu
quando Sodoma, Hiroshima e Chernobyl
foram sal, céu e medo

às cinco em ponto da tarde

que horas eram

quando o menino cantou

e o Tempo não parou *



* *


  António Cardoso Pinto
 
 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

DOMINGO 26-02-2012

Bom dia, com muita harmonia!!!
Ai,ai, Lisboa!.....

A minha linda Lisboa,
Sem Alfama e Mouraria,
Sem Graça e Madragoa,
Outras marchas cantaria.

Ai, minha linda Lisboa,
Tejo, no Cais-do-Sodré,
Camões vendo Pessoa,
O Fado ao pé da Sé!....

Em Benfica, uma Águia,
Um Leão, em Alvalade,
O Marquês é quem te guia,
Bairro - Alto a saudade!....

Ai, ai, ai, lisboeta,
Eu digo-te como é que é!....
Mesmo sem termos cheta,
Vamos pró Cais-do-Sodré!..

( Acácio Costa)


 MENINOS DA RUA".

CRIANÇAS MARCADAS POR UM ABANDONO PROFUNDO.
BRASIL, PORTUGAL OU QUALQUER PARTE DO MUNDO.
VIVEM NA FANTASIA DUM SONHO INCOMPREENDIDO.
PARA ELES A PALAVRA RECTIDÃO, NÃO FAZ SENTIDO.
PEQUENOS SERES HUMANOS, AUSENTES DE DESTINO.
DUREZA DE VIDA MARCADA EM CORPOS DE MENINO.
MENINOS DE SONHOS QUE FORAM MAL COMEÇADOS.
PROCESSOS DE REGRAS DE EDUCAÇÃO INACABADOS.
IGNORADOS, VADIAM NAS RUAS POR VEZES DESERTAS.
TENDO EM MENTE O ASSALTO A PESSOAS CERTAS.
FAMINTOS DE PÃO, CONFORTO AMIZADE E CARINHO.
ATACAM SEM DÓ, QUEM SE CRUZAR NO SEU CAMINHO.
COMPANHEIROS DA NOITE, NÃO RECEIAM ESCURIDÃO.
AGASALHAM-SE DEBAIXO DUM COBERTOR DE CARTÃO.
CARTÃO , QUE MAL COBRE SUA JOVEM PELE SEMI-NUA.
FICAM OLHANDO AS ESTRELAS..... SOB A LUZ DA LUA

AURORA MARIA FERREIRA DA CRUZ MARTINS AFONSO
 
Mãos em desabafos

Raspei as mãos no chão
Queria sentir dor
Raspei no pó do alcatrão
Pó de pedra, louco ardor
Raspei e me libertei em sangue
Rio correndo pelas veias
Fruto sem casca... Lande
Seiva de desespero em minhas tareias
Raspei as mãos em pedra dura
Ferida em gritos de agonia
Raspei as mãos nas dores sem cura
Feridas de noite e de dia
Minhas mãos... Cintilantes
Mãos de medo... Trémulas
Raspadas pela revolta, em pedras brilhantes
Mãos ingénuas...
Mas triunfantes
Raspei as mãos no chão onde moro
Raspei as mãos onde imploro
Onde peço...
Onde raspo se mereço
As mãos do meu sofrimento
Mãos que escrevem
Mãos que são meu alimento
Mão que não temem
Raspadas pelo tempo
Nas pedras do chão da vida
Mãos que ao relento
Escrevem desabafos sem medida
Minhas mãos...
Raspadas em escrita
Prosas e poesia... Irmãos
Das mãos...
De quem grita

José Alberto Sá
 
Olhando-te …
Esta forte atracão
Leva-me até ti,
És a minha paixão
Gosto mesmo de ti.

Sento-me no areal
E …
Num gesto banal
Sinto …

Sinto o teu cheiro,
Maresia que me encanta
Quando de ti me abeiro
Nessa imensidão tanta.

Tranquilidade e paz
Beleza sem fim,
O teu ondular me faz
Sair de dentro de mim.

Infinita imensidão
Perante o meu olhar,
Enche meu coração
P´ra continuar a pulsar.
Albertina Coelho