terça-feira, 29 de maio de 2012

"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci
Continuação de uma óptima Terça Feira!!!!


Êxtase e clímax

Suspiros que voam em melódicas metáforas,
ais de prazer em noites de amor,
caudais de emoções transbordam o leito da paixão,
corpos em ebulição,
nus, no desalinho de lençóis de cetim!
Pernas que se agitam nas carícias recebidas,
mãos que buscam a pele sedosa,
seios túrgidos pela sucção de boca gulosa,
gemidos sufocados pela excitação,
bocas que se colam,
em desejos de desvario,
sussurrar abafado pelo resfolegar acelerado,
corações em batimento descompassado,
estremecimentos descontrolados!
Sensações de prazer indizíveis,
alternam-se posições,
em galopantes avanços e recuos!
O suor escorre,
respirar ofegante,
mentes cansadas,
corpos saciados,
êxtase e clímax em perfeita simbiose.

José Carlos Moutinho
 
Partículas do mundo

Nos olhos da criança vive a esperança
A luz, que maravilhosamente nos seduz…
Vive a harmonia da verdade.
E em nós, adultos pequenos, vive talvez a saudade
de uma infância passada
com um pouco de inveja… que seja!
Dessa criança pequena que cresce serena sem maldades na alma…
E todos sem crer, também o queriam ser, apenas por um instante.

No amor da criança… nasce a confiança
para o seu olhar continuar a contar coisas ainda por vir…
e o seu sorrir ilumina os céus coberto de véus
as sombras são da cor de um futuro de amor…
e as pequenas partículas do mundo
são no fundo uma criança a brincar,
são o seu olhar com o brilho do luar!
Viva a criança que traz a esperança…
Viva a alegria do seu cantar… dançar…
viva o sonho que nos faz voar,
nos braços da criança que nos ensina amar…

Celeste Seabra
 
 

Madrugada


Corre ainda a madrugada
pelo levantar da alvorada
do dia que vai romper
em criança a nascer.

Grito de vida rebelde
eleva sinfonia estrelar,
pranto de prado verde,
sementeira a despontar
um hino á liberdade
que não cansa entoar
por vales de sinceridade
e terras por desbravar
serranas veredas de sede
ainda por saciar…
este corpo que persegue
sonho por conquistar!

Resista esta ansiedade
a tormentas que hão-de vir
onde se conjuga o prevenir
e cala a anguastia, a saudade!...

- António Fernandes

“Anda, anda rir-te comigo…”
parece pedir o dia quando acorda de mansinho e desponta nas altas esferas da madrugada a sorrir maroto e apaixonado à Lua, enquanto acaricia o céu com as suas vestes, de mansinho, num cortejar descontraído.
Neste deambular tranquilo e sempre surpreendente na segurança do constante acordam todas as casas, espraiam-se os lençóis despertos no arejar das abertas portadas e abrem-se braços de carne e rio a correr intempestivos pela vida que nada pediu a não ser o ser aceite, o ser vivida, e que raramente é sentida, mas hoje não. Hoje, o dia decidiu pedir ao tempo para sorrir com ele, para parar o inexorável compasso do tique-taque no peito das humanas gentes, para hiberna-los nos gestos e descongela-los lentamente, para que não se esqueçam de como é bom sorrir, para que não esqueçam que têem de dar tempo à alma de conversar com o coração, de se dar tempo a si antes de serem explosão de tarefas, antes de se agrilhoarem à obrigação.
“Anda, descansa. Olha para mim! “
parece o dia dizer e embala-te num abraço aconchegante onde, quer faça chuva ou quer faça sol, há sempre um reconfortar gratificante de quem só espera sem desesperar e tudo dá sem nada pedir mesmo quando o que recebe em nada faz sorrir.
“Anda, vem comigo dançar.
Deixa-te inebriar pelo canto das aves, pelo vôo rasante aos sentidos dos beirais, pelo despontar da pétala, pelo ondular do caule, pelo beijo da borboleta, pelo polinizar do céu na crista das vagas, no azul indómito do mar.
Anda, vamos cruzar sinfonias, reescrever a clave de sol, reinventar a vida, sermos mais nós”
parece pedir o dia e o coração que tudo sabe, serena-se e no bater ritmado ensaia os passos da dança que tece nas veias com todo o cuidado.
É tempo de se cuidar, é tempo de parar, olhar porque o azul só é o céu por nele poder conter o “a”mar!

Ana Fonseca