Meu amor, se soubesses como procuro dentro do teu olhar o vazio que
deixas repousar sobre os teus ombros encolhidos, quando o silêncio se
pronuncia por ti nas palavras não ditas, sinto-me tão impotente nesse
ensejo que daria os meus olhos para te encontrar
Olho-te,
arranco-te um sorriso feito de emoções embrulhadas nos nossos corpos,
num papel de abraços cristalinos e a lágrima cai sobre um laço de amor
que não se explica sente-se mutuamente em cada segundo que passa, por
mais doloroso que seja, por mais feliz que te veja é assim que nos
protegemos, ontem tu hoje eu.
Hoje jurei que não choraria: mas
sabes às vezes sinto tantas saudades daqueles tempos em que me deitava
no teu regaço com medo da vida e tu consolavas a minha dor a
incompreensão que emergia dentro de mim. Quando saímos juntas para comer
um gelado nas noites quentes de Verão.
Ó meu amor, minha mãe como
se explica este amor que sinto por ti, às vezes dói tanto que
sangra…talvez seja as dores de um parto abençoado que carregamos juntas
todos os dias.
Conceição Bernardino