Pai nosso que estais no céu (...) Ele nos ensinou a rezar. Disse que era a verdade E ao Pai, com lágrimas de dor, ser feita a sua vontade!.... Provou que o grande amor É, sobretudo, perdoar.
(Acácio Costa)
Nunca te direi adeus
Nunca te direi adeus Porque acordaste em mim, um dia Uma força então apagada. Geraste o meu sonho de liberdade Numa juventude inexplicada. Nunca te direi adeus Porque o meu caminho Marcha na vanguarda do teu futuro, Porque a menininha que já fui Cresceu mais do que devia E, hoje, a paz é sapiência e conquista. Nunca te direi adeus Porque me deste a capacidade De amar em silêncio, Numa tranquilidade ingerida. De ti possuí apenas a facilidade De aprender a contar gotas raras E fiquei boquiaberta Diante da minha habilidade Para acender ( ainda) hoje um fósforo em alma alheia.
Clara Roque Esteves
No silêncio da memória
Em silêncio... Em silêncio aqui estou, quedo Neste presente com passado E de futuro incerto.
Em Silêncio... Olhos postos em mim Atento ao que fui, ao que sou E ao que, possivelmente, nunca serei!
Nesta ausência do dizível Vou calando palavras mudas Que de tanto sentidas Doem na memória dos dias.
De tão longe vem este silêncio Que em mim trago Que já não sei de onde... Em silêncio espero...
Gestos, palavras... Sinais de um tempo Onde a voz cala e a memória grita No presente o que foi passado.
José António Patrício
prova-me .saboreia-me bebe-me em goles de paixão louca tontura que arrepia à deriva numa taça de sensação... escuto-te em pele que fala palavras que ardem...
a.silvestre
sexta-feira, 30 de março de 2012
BOM FIM DE SEMANA
SEXTA FEIRA 30-03-2012
Sombra Descem à montanha As cores do Inverno Sobranceiras melodias Enchem as levadas Metálicos os traços Riscam no ar A nova silhueta
(Dissolve-se na neve Que derrete Enquanto a montanha chora)
Que é da cúpula Onde adormece? Que é do resguardo Onde se esquece? Que é do remate Do seu corpo? Que é de todos Lá fora?
Já o sol se põe E ela sem saber Onde descansar o corpo Já a noite chega Rival da sua sombra
Estivais outonos Que lhe ensinam A separar as águas Enquanto na terra Amadurecem os frutos
Já o dia começa Estigma do seu saber A encolher-se Perante a hecatombe Dum raio de sol Partido pela metade
Todo o sonho nasce A preto e branco E se faz luz crescente Nos seus olhos
Sombra inquieta Adormecida na montanha Gelo dos seus medos Inverno dos seus dias Ressequidos
Tudo é mudança A acontecer na tela Onde se esquece
(Sombra Um eu que termina Um outro que começa)
(Dolores Marques)
Olhar Um simples olhar Pode dizer muito de nós, Chega até a suplantar A mensagem de viva voz.
Olhar de fé, ansiedade, Alegria, tristeza, emoção. Olhar com névoa de saudade, Confiança ou preocupação.
Dores que transportamos E muitas vezes não revelamos Para não fazer sofrer.
Mas o olhar deixa transparecer Muita mágoa escondida. O olhar é a janela da vida.
Francis Raposo Ferreira
Verde Alentejo
Alentejo, sempre verde Admiro o teu entardecer as cores dos teus campos, verdadeiras pinturas para ver.
Todas as vilas são lindas com as suas casas caiadas, onde o branco predomina sobressaindo nas pedras das calçadas.
Alentejo, terra pura e selvagem onde o sol é mais quente e os campos aguarelas onde a poesia se sente.
Alentejo, terra rica de tradições são dignos os teus costumes e sabores, são memórias de um povo que lutou para superar as suas dores.
Alentejo é sempre novo lugar ideal para viver tem na alma esperanças renovadas lugar de momentos de prazer.
Bernardina Pinto
CANTIGA DE MEL E FEL
Se a canção da liberdade Pudesse a tempestade Em brisa transformar.
Se da cantiga de criança Brotasse a esperança De a dor então findar.
Só cantaria flor e mel cumpriria o meu papel só com rimas de amor...
E, ao sabor da emoção dobraria a pulsação Em fatias de calor.
Se da canção da inocência Viesse a consciência E mudasse o meu país.
Ah! Se essa minha juventude Tomasse uma atitude Pra gente ser feliz!
Ah, coração aprendiz Não se pode ser feliz Quando a flor vira punhal
É necessário enfrentar Se preciso, até sangrar A canção de um cantador Pra quebrar o mal da dor.
Newton Baiandeira
quinta-feira, 29 de março de 2012
UM DIA CHEIO DE LUZ!!!!
QUINTA FEIRA 29-03-2012
Algumas, alguns nem todos ! Algures por aí, em qualquer lugar folhas que caiem parceiros que vão sensações por viver destinos incertos palavras por dizer dias que passam amendoeiras tristes frias de coração flôres por abrir sonhos de ilusões ruínas da memória...
Algures por aí! uma MULHER!!!
Rafael Gomes.
NÃO
Não digas nada amor, Não precisas estar presente Não necessito ver-te Apenas, te sinto aqui!
Não podemos soltar amarras, Não é hora de avançar Não são ares de voos planados Apenas, fiquemos reservados!
Não, não, não meu amor Não pares, lava os teus pensamentos Não pares de voar, sonhar Apenas fá-lo secretamente!
Não te quero amordaçado Não o permitirei, enlouqueceria… Não me abandones nas palavras Apenas, ama-me poeticamente!
Alexa Wolf
Sorrisos de que eu gosto…
Gosto desse gargalhar Gosto desse sorriso Eu não me quero enganar Vou ver se tenho juízo
Fica bem em teu rosto Esse sorriso franco e aberto É desses que eu mais gosto Quando vos tenho por perto
Acreditai no vosso sorriso Nessa boca de alvura Quando o vejo ganho siso Nessa boca é só ternura
Não me importo de o roubar Nem me importo de fazer barulho É um sorriso que quero amar Eu o quero sem ser esbulho
Num silêncio abrasivo E ao mesmo tempo sufocante Eu te roubo o teu sorriso Foi irónico este instante
Armindo Loureiro
ALVÍSSARAS
O entusiasmo da urze, num desejo incontido, faz vibrar o planalto. É a primeira a conquistar a Primavera. Não se acomodam os piornos, as giestas, as carquejas e tantas outras. Rebenta um orquestra de cores, uma voz indomada. São alvíssaras de um tempo novo, é a pela enrubescida de Trás - os – Montes.
Teresa Almeida
quarta-feira, 28 de março de 2012
FELIZ DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE!!!!
QUARTA FEIRA 28-03-2012
MEU AMOR
O tempo sopra o teu calor, Desvia as carícias da tua lembrança, Silencia as palavras do meu alimento. Detenho-me num sonho milenar De esperança saudosa E memória incerta. Deixa-me ficar em seio teu, Fixa o meu corpo no teu abraço, Abriga-me nos lábios da terra molhada, O único sítio em que consigo respirar (te).
O ego de ser-te, O murmúrio de querer-te Um improviso de dois corpos impunes, Pelo desejo, Pelo amor. Apenas a um passo de chegar, Espero na curva de um beijo, Na brisa que arrepia o teu rosto. Paraliso o tempo e faço-te (meu) imortal, Anjo, herói, deus, diabo: tudo. Ser-te: outra vez. Sempre. Deixa-me ficar no teu mundo Acolhe-me em teu barco, E salva-me, Do meu.
Susana Costa
FOLHAS... As folhas do meu orgulho agitam-se ao vento amarelecem ao Sol à chegada do outono desprendem-se e viajam circulam em remoinhos fazem ninhos no chão nidificam e pela Primavera voltam em rebentos
Sorrindo vou velejando folhas alvas, tenras tocadas pelo vento as falas, as palavras vão lentamente, lentamente ao Sol, amarelecem e chega outro Outono e outra Primavera e volto a navegar...
José Apolónia
A TUA AUSÊNCIA….
Vagueio Sorumbática, num torpor doentio. Percorro este espaço Vezes sem fim. Afasto a cortina, Olho a rua Completamente vazia! Não te encontro….. Sento-me… A noite chega…. Mais uma noite…. Mais uma noite Que não te senti E eu Aqui……!
Tina Tinoco
NO TEU RUMO Caminho sobre os alicerces duma melodia perfeita enquanto escuto o cante inesperado do relógio, gravo os aromas no reflexo das ruas e me fogem palavras das mãos em cada passo.
Saboreio o respirar oculto na penumbra duma quimera.
Caminho exangue sobre a rede dos fios de algodão, tenho sílabas insaciadas no corpo, murmúrios e sussurros de lábios ocultos.
Navego numa teia que se perde nas horas, há melancolia inóspita nos teus olhos e fazes-te pausa.
Sorvo a pouca luz e encho o peito, caminho ao teu encontro.
Há sempre um palco adormecido, Algures… re-vivido, Acordado na cortina da noite, Suspiro frenético de vida, Encho meu peito de ar, Meus pés tremem nas tábuas, A voz se-me eleva no espaço, Respirado no silêncio d`almas, Esqueço-me de quem sou, Pra ser solitária personagem, Os nervos aceleram-me a mente, Veias de medo e esquecimento, E todas as palavras se vestem, De roupas ajustadas à emoção, Na máscara me colada no rosto, Sou eu… sem saber quem sou, Inspiro os olhos que apenas sinto, Nas flores de aplausos de mãos, As horas deslizam nas linhas, Da personagem encenada…
Quando me regresso ao exterior, Lembro os pedaços de mim, Espalhados pelo palco, Sou eu… sem saber quem sou, Sendo alguém… sou, Fui e sou… personagem!
Cristina Correia
QUENTE
Quero-te a queimar a pele, de alto a baixo do meu tronco Ver-te vermelhar de fogo, nos lábios acabados de morder, Erguer o queixo num movimento levado pela mão que te entra no cabelo E sentir-te a contorção da dorsal encaixada nas minhas mãos aquentadas. Quero-nos a acabar de despir camisa e blusa, desapertadas, Ensaiar uma dança de braços em urgidos sacudir de mangas, Levar dedos e palma em rota feita por acima de ti, rumo à curva do pescoço E raspar-te, entre o eriçado da nuca, e desviar o toque para os teus ombros. Quero descer digitares e palmares para o centro das costas, Rodar os pulsos e dar impulso às mãos, para que te tragam, Apertar-te, com a força que não aperta, Laçar-te, com os braços que nem atam E deixar-nos ebulir, a ponto de fervura. Depois, vou querer que tu te deites; Que então me sintas a sobrevoar-te, Que acrescentes ao teu o meu calor: Que te faça ressudar entre os poros E me faça deslizar escorregadiamente, de baixo a alto do teu tronco… Quero-te num atrito que não dá fogo inflamado, E que vem da vontade ardente que não queima.
Sérgio Lizardo
Há um segredo nos fins de tarde que se deita sobre o Tejo. É um sonho ... a despertar nas pontes que atravessam o meu desejo.
Há um prenúncio de saudade rasgado nos céus do meu pais. São memórias sem idade navegando no Tejo que revi.
Há uma cidade adormecida no leito de um rio cantado águas calmas estendidas espelho de um país ainda amado.
São Gonçalves.
domingo, 25 de março de 2012
DOMINGO 25-03-2012
Bom dia....com muita alegria!!!
IOGURTE
Provei e misturei, a amora silvestre do nosso iogurte de pedaços. Um pedaço de mim, um pedaço de ti… Até ao batido final. Na certeza de transformar a silveira em roseira, deliciarmo-nos numa bebedeira, perfumada e louca, no contentamento das pétalas que não caem, mas rejuvenescem.
Jaime Portela
INQUIETUDES
Andam bocas pelo ar, esfomeadas de fama... Vozes escancaradas no ridículo que as inflama, mentes inquietas pela inveja corrompidas, passos incertos e atitudes pouco retas... Andam olhos cegos calcorreando a calçada, vazios de luz açoitando a palavra, alimentando os egos... Andam os ouvidos fechados! Nem dá para acreditar... Injúrias ...Inquietudes...tantas aí Jesus... Calei-vos... Ouvi! E vede! Parai...aprendei com o silêncio o ouro que se derrama pelas cascatas da sensatez. Bebei...e matai essa sede! Deixai que cresça viçosa e ereta a sábia planta da poesia em vós semeada!...
Isabel Branco
UM TEMPLO EM FORMA DE CORAÇÃO
Danças nos meus olhos o teu tempo E entregas-me o teu tempo num sorriso Abraçamos o brilho das estrelas Navegamos juntos no perfume das flores mais belas E há gaivotas felizes no mar que foi feito só para nós
Na pele do teu corpo desenho o futuro Nos sons cantados do vento escuto a tua serenidade Afago-te os dedos com a ternura que me deram ao nascer Imagino-te a meu lado no lado mais belo de um sonho qualquer E teço no tecido da existência a nossa própria felicidade
Somos capazes de ouvir o sol e de adormecer a lua Somos as letras de um vocábulo ainda por inventar Dos nossos beijos nascem crianças felizes dançando na rua Das nossas mãos sai um rio criado só para a nossa alegria E sempre que nos olhamos acontece magia
Sei que a morte existe e que a solidão acontece Sei que a tristeza é uma avó cruel que nas nossas madrugadas falece Mas sei que as árvores deste sonho acabaram de ser plantadas no nosso chão Agora podemos sorrir ao mundo que nos vê viver E neste tempo do amor já moramos num templo em forma de coração.
José Luís Cordeiro
Quero adormecer
Todos os segundos voaram de mim, deambulo por aí, como uma caix...a vazia, entregue ao sabor do tempo... Caminho nas entrelinhas das palavras por mim rasgadas. Até até já me esqueci de tudo o que foi errado!
Grito aos céus, quando vejo um arco-íris fabricado com as lágrimas de
um sonho errante...talvez, além das fronteiras do medo, exista um
milagre adormecido... Conheces o meu milagre? Não aquele transformado em tulipa negra! O outro, o que precisa do sonho para infinitamente me perder nas profundezas do meu pensamento...
Quero adormecer num sussurro de encanto saído das nuvens brancas que
quase me tocam o rosto, luminosas, qual castiçal da noite, numa valsa
tocada até ao amanhecer...com o som das águas do mar a tocar devagarinho
fazendo a lua dançar magia… Sonhei mais do que pude, talvez o que
não devia. Os caminhos foram trilhados e as marés fugidias...perduram
uns breves traços em cada meu respirar... Quero adormecer...