sábado, 21 de abril de 2012

"As dificuldades são o aço estrutural que entra na construção do caráter."
 Carlos Drummond de Andrade
Bom fim de semana
Caminhos da vida

Não sei o meu nome,
Tão pouco quem sou,
Não sei de onde venho
Nem para onde vou,
Não sei para que é que vivo,
Mas sei porque é que nasci!
Nasci para chorar, sofrer
Amar, sorrir e ser feliz…
Pois na vida temos caminhos a
Percorrer,
Uns longos outros curtos,
Caminhos que nos fazem tropeçar e
Fracassar.
Mas no final são estes que nos fazem
Perceber o valor de um sorriso,
O valor da vida
E conduzem-nos para a estrada
Da felicidade…
É no final de cada queda que percebemos
O sentido da vida e o preço da
Felicidade!

celina
 
No teu acordar...

Sombras de silêncio
Jogo de luzes num bailado
Não dou pelo respirar
Faz-se tarde
Imagino-te num abraço
Naquela praia sem nome
Era de areia o nosso castelo
De sol e mar
Mas é noite e fez-se luar
Queria apenas adormecer
No teu acordar

José Guerra
 
O meu rio

O meu rio vem descendo
O horizonte
Como quem chega
Em passo nupcial.
Saúda gente, montes,
Vales, prados, fontes…
Enfim, traz-me de volta
Portugal.

O meu rio corre limpo
Pelas campinas,
Como quem anda
No seu cavalo alado.
Traz-me de volta
As águas cristalinas
E o pulsar do meu
País roubado.

O meu rio desagua no rosto
De cada olhar plantado
No seu leito,
Embate na verdade,
É deposto.
E o meu sonho,
Quebrado,
Cai desfeito.

Maria da Fonte
 
Sinto-me feliz!
O ar que respiro
é divino;
as pessoas
parecem-ma alegres,
... até o astro-rei
aparece
iluminando a terra
com
seu brilho cristalino.

Os pássaros chilreiam,
cantam
numa alegre
ode á vida;
as rolas passeiam
na gare
procurando comida.

Tudo é belo
e há um cheiro
no ar a rosmaninho
florido.
É a Primavera,
é o carinho,
é o amor
que brota,
até de corações
empedernidos,
que se julgavam
perdidos
mas renascem
para a vida
e aparecem
em corrida,
numa pressa desenfreada
para ver
quem agarra primeiro
a sua amada.

Eu hoje agarrei-a
e não quero perdê-la;
a Natureza
é a coisa mais linda,
temos de mantê-la.

Vamos a tempo...AINDA!!!!

Zé Páscoa
 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Frases e Poesias, não são só feitas de palavras de inspiração. Mas sim, de sentimentos, que brotam do coração" Marcel Andrade
Bom dia e um excelente fim de semana!!!
Obliqua a ocidente
a dimensão nocturna
no fundo de uma furna
o teu olhar ardente
a noite intensa e fria
sofrida e desgostosa
reviravolta airosa...
nascia um novo dia!

José Júlio
 
 

..uma febre

naquela febre
que nos consumia
emoções de corpos
que já não éramos
sonhando...
transpirando em ti
tremendo
trocando juras
observando
a distância do teu olhar
do teu corpo
do teu sentir...
risos enterrados
em dias de maior saudade
que agora o ver-te
trazia à realidade!
Avaliar o frio e o quente
de ti
antes que venhas
antes que partas
à chegada do luar...
 
Guiomar Casas Novas
 
 


Pião de madeira...

Meio da tarde primaveril e soalheira,
olhar atento naquele miúdo, despertei!
Mochila às costas junto à passadeira,
do meu andar meu carro estanquei!
.
Palmo e meio de gente, sorriso inocente
playstation na mão, alegria eminente.
Geração do hoje, tecnologia de plástico,
computadores, playstation tudo bombástico!
.
Recordei brinquedos, alguns de metal
bicicletas e carrinhos tudo tão banal.
Hoje, muitos de alumínio coisa bestial.
Penso, ...Saudades de criança afinal!
.
Recordo, os grilos, ninhos e passarinhos.
Lembro, o provar das frutas dos vizinhos.
O planear "asneira" de qualquer maneira.
Não esquecendo o brinquedo de madeira!
.
Saudades do meu velho brinquedo de "Feira".
Saudades da bola, da macaca e do elástico,
beijinhos nas meninas, era tudo fantástico!!
Saudades do meu velho "Pião De Madeira"...
.
.
Helder Martins
 
amor...

Não tentes entender

a minha forma de amar,


ainda que te explicasse

não a entenderias,

não é a luxúria que o move

nem a dor que não sentes.



É a imortalidade dos corpos

que se encontra

nas profundezas da terra,

os segundos que não avançam,

os suspiros que se calam.



Não tentes entender

a infinidade da existência,

enquanto dormes…

…é aí que me calo amor,

nos sonhos profundos

onde me encontras,

num espiral de espinhos

numa dor que é só nossa.


Conceição Bernardino
 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

"A primeira lei da natureza é a tolerância, já que temos todos uma porção de erros e de fraquezas." Voltaire
Continuação de uma boa Quinta Feira!!!
LUGAR ENCANTADO!

Estar contigo é um privilégio...
Quando estás aqui o tempo
corre depressa e outras vezes pára...
Sempre que me dizes adeus
fica um vazio dentro de mim...
Deixas no ar o teu perfume
E, assim fico com um pouco de ti!
Fica a saudade, o silêncio,
ficam palavras por dizer e forças adiadas...
Sempre que te vejo, nasce uma esperança,
há uma luz que se acende e
que me aquece por inteiro
e dá cor às formas que giram em meu redor
e fazem parte do meu viver...
Sempre que sorris,
nasce uma flor dentro de mim...
Sinto uma alegria imensa e
uma grande vontade
de ficar presa nos teus braços...
Contigo vem a magia, a paixão,
o riso despreocupado sem nexo!
Estar contigo é como estar
num lugar encantado,
onde me sinto feliz e alegre como criança
e amada como mulher!

Bernardina Pinto
 
SEM PALAVRAS

Quando o teu rosto faz de cadeira a minha mão
E senta a maçã corada na palma,
Vem com a inclinação da tua cabeça, e assim se afaga…
Quando o teu rosto desliza,
Desde o meu pulso até aos dedos
E da ponta dos dedos até ao pulso,
Fá-lo devagar:
Para que os teus olhos não me percam
E para que os meus tos sigam sempre…
Menos no tempo em que o olhar se desvia
Para ver os teus lábios desenhar uma linha;
E quando depois ele se levanta
Para ver os teus olhos, que sorriem também…
Quando os meus dedos e a palma de seguida caminham,
Te passam a orelha e te apanham o cabelo,
Te entram por ele até à nuca e te trazem,
Não é para que pares de me olhar assim:
Com a tua face apoiada nesse meu afago;
É para que te peçam que o repitas sempre,
Porque a vontade que me atiras é desculpa
Para que te possa beijar,
Sem que eu te diga que é por seres linda...
E o sorriso que fala, não me chama exagerado. 
Sérgio Lizardo


“A última valsa”

Descalça
No meu vestido branco
De leves folhos
De renda
Olho-te nos olhos
Estendo a minha mão
e dou-te o meu corpo
que enlaças
rodopiamos pela sala
ao som da mesma valsa
que tantas vezes dançámos
deixamos que os nossos passos
percorram os mesmos espaços
de outros tempos
e pisem aqueles mesmos passos
que noutros tempos demos
e tão bem conhecemos
balançamos e revivemos
a nossa estória
o amor que foi nosso
nesse passado distante.

Sentada no sofá da sala
Na penumbra da noite,
À luz da lua
Abro os olhos
Fixo os meus pés descalços
E deixo que a minha alma nua
Balance na memória
Dessa valsa que vivemos um dia
E espero por ti…
Para uma última dança…

Fernanda Furtado
 
 
BIOGRAFIA

Dentro de mim emerge
a eterna criança que sou,
nascida com memórias
e trazendo no cordão umbilical
um saco cheio de palavras.

Nunca me escondi
dos ecos prevalecentes
nem das águas
revoltas das serranias.

Nasci com um punho fechado
no lugar da alma,
um grito
em forma de gume
e uma canção
trauteada pelo coração.

Nasci no tempo em que o tempo
ainda não tinha nascido,
fui prematuro nas vontades
e na consciência,
fui um parto
segregado de mais-valias.

E fui pão,
sombra
e alento,
fui menino
que se eternizou
num tempo maior.

Tenho uma auréola luminescente
que me giza as sílabas,
tenho nos dedos um cinzel
com que esculpo as palavras,
tenho fogo e água nas mãos…

Tenho poemas que não são versos.


© Francisco Valverde Arsénio
 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música." Friedrich Nietzsche
Bom dia...e muita inspiração!!!
A menina quer dançar…

Se a menina quer dançar
Eu estou aqui disponível
Venha daí, vamos amar
Esta noite está incrível

Está uma noite bastante fria
Que requer aquecimento
Por isso de mim não se ria
Posso ser o seu tormento

Numa dança bem dançada
Eu a quero junto a mim
Para a pôr desabotoada
E vê-la corada como carmim

Isso logo passará
Disso tenho a certeza
A dançar é pró que dá
Lá se vai a natureza

Tem uma natureza tão bem feita
Que eu gosto muito de ver
Veja lá se ao meu lado se ajeita
A dançar eu a quero ter

Por isso venha daí embora
Vamos os dois juntos dançar
E que o amor se faça agora
Da única forma que lhe sei dar

Dar-lhe-ei umas beijocas
E uns pequenos apertões
Ai que caras tão larocas
Andam aqui aos trambolhões

Quero dançar apertadinho
Isso que se chama um Slow
E lhe dar o meu beijinho
Enquanto consigo eu estou

Armindo Loureiro
 
DANÇA

Dois em um, no sentir da música – ondulantes
Em sorrisos cúmplices e contactos sentidos
No envolvimento procurado, no momento
Em dança de corpos, na dança da vida, em pista.
Que nos pode dizer uma dança a dois, própria
Na comunhão de sentimentos que se nutrem
Um por uma, eu por ti, ambos, os dois
Irmanados nos passos de dança que executamos.
Sou desse tempo de dançar agarradinho
Naquela hora bendita, onde era permitido quase tudo
Num aperto de corpos em passo lento, apropriado
Quando a pista era dos parzinhos, aproveitar momento.
É o bambolear de corpos, na envolvência da música
Em movimento, em insinuação, súplica para contacto
Num suave abraço por trás, os dois num só, unidos
Deixar se levar pelos ritmos, que se vão sucedendo.
É a dança - nesse dançar, expressão corporal, máxima
Que nos inebria, toma conta da nossa alma, nos leva
E se expressa no relaxamento desta vida, a compasso
Na procura de um escape, uma fuga, em divertimento.
Dançar quando tu estás presente, tem outro sentido
Sinto todo teu corpo - tuas formas - moldar se ao meu
Danço apenas quando estou contigo, num só, cúmplices
Deixo ir meu corpo, no ritmo: com enorme sentimento!

Luís Gomes Pereira
 
DANÇA CRIANÇA

I

Quisera voltar ao ambiente da vigorosa dança

De centenas crianças sujas rotas a lembrança
Tão frenética rebentava a orquestra é batuque
Lá longe na minha terra querida Moçambique

II

Já vejo crianças que enfeitiçadas pela folia
Sorrisos rasgados apresentam na batucaria
Os guerreiros nus destroem o chão já morria
Neste compasso aprendo a dançar feitiçaria

III

No ar o apito estridente é compasso a magia
Estripitosos hinos de revolta contra o opressor
Que suas terras invadiu lhes roubou a Maria
Colocou lhes condição submissa Ó SENHOR

IV

Dança dança preto um dia te roubarão a mulata
Dança dança mulato um dia roubarão a branca
Dança dança branco um dia te roubarão a preta
Dança dança criança que um dia serás criança

 
Alfredo Magalhães 
 
 
A Dança dos Astros
Soltam-se os corpos
Desbravados do silêncio,
Sempre que a lua
Deixa pendurados seus fios de prata
Bordados a estrelas
Nos braços sofregos dos amantes.
Ao som de uma flauta
Que toca insistentemente
A dança dos astros...
E num rodopio alucinante,
Os corpos se enleiam
E dançam alegremente
Como se quisessem assaltar as estrelas
Na luz resplandescente
Que a lua deixou escapar. 
 
(eu) Cristina Cebola
 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Bom dia....com muita Poesia!!!


 Angustias

Não gosto deste cinzento que me oprime
Esta ausência de sol que me apavora
Quero os meus dias prenhes dos raios de luz
Que dão calor às pedras da calçada

Não gosto dos dias em que o céu abre a torneira
De chuvas cansativas e inclementes
Dias escuros, de correrias pelas ruas
Que não nos deixam sentar á soleira da porta

Mas sobretudo detesto os dias tristes
Que são todos aqueles em que te não vejo

Joaquim A. Godinho

FELICIDADE

Felicidade,estado d'alma
que nos toca o coração
nos enche de emoção
a ouvir sininhos a tocar
e músicas d'encantar.

Felicidade,quase sempre ausente,
fugidia e intermitente
em nossas vidas,
quase nunca presente.

A outra pessoa encarregamos
de trazê-la p'la sua mão,
depositá-la com carinho
em nosso coração
com beijos trocados
em noites de insónia
e em perfeita comunhão.

A outra pessoa nós damos,
o ónus da questão!
Não somos capazes ,sozinhos,
de nos abrirmos
ao mundo,
à vida,
à poesia que paira em tudo
que olharmos com o coração.

Somos terra bem arada
de amónio, pulverizada,
pronta a receber as raízes
de toda a planta e árvore
que nela seja plantada.

Deixemos as raízes bem fundas
beber a água da vida
da calma e do sossego
pr'a brotar planta viçosa
e árvore do desapego.
Podar em cada estação
os braços enviesados
que não são obrigados
a formar uma árvore
com copa redonda
e ramos cerrados.


Desapego do outro, é a palavra,
a grande capacidade
de desenvolver em cada um
a necessária individualidade
que nos dá a liberdade
força-fonte geradora,
afinal, de toda a
FELICIDADE.

Lenea Bispo


Abraço

O teu abraço, abraça-se em mim
Tuas palavras, mimam meu coração
Nossos corpos, falam entre si…
Não nos dando explicação

Quando a divisão é impossível
O destino só tem um rumo
Arrastando-nos, um ao outro,
Passando o pente do aprumo

Mas de aprumo, pouco tem,
A não ser, felicidade
Fica difícil de calar
A voz da verdade


Qualquer mortal pode ver
Irradiam luz diferente
Todos a querem ter
Na sua vida sempre presente


A prosa pode ficar
Toda a noite a ditar
Que nunca vai arranjar
Forma de o decifrar


Ricardo Paiva
 
incompatibilidades

e assim surgiu uma incompatibilidade
de certezas, de disponibilidade

tudo ficou no branco “cinzento” das nuvens
onde nossa extravagância amorosa mendigou

não foi apenas uma passagem pelo fogo
de nossos seres

foi um sol de emoções que nos aqueceu a alma
em instantes de beijos adornados de ilusão
onde todos os caminhos iam dar á nossa paixão

e assim se queimaram suaves e frágeis teias
afagos de luas

desnorteadas onde os luares
não foram "luas" meias

não resistiram ao apelo do espaço que sustenta
o mais simples de todos os pólenes
o pólen do amor,,

a.silvestre
 

domingo, 15 de abril de 2012

Resto de um Feliz Domingo!!!
Quando parece que os dias são lentos, cola-se-me à pele um trapo de domingo lavado, da forma como o que é lavado merece: com deleite dulcificado e sem nódoa! Desprenda-se em suspiro a ânsia do dia claro, solto e despretensioso.
Vou andar por aí sem que a mácula da finda semana se me imprima às pernas… leve, tão leve como fumo branco que se junte às nuvens.


Helena Gameiro
 
Ao entardecer, o homem de longas barbas brancas
aproximou-se do casulo e murmurou:

"as borboletas apenas têm de cumprir dois mandamentos:
voar durante o dia e sonhar durante as noites !"

e ficou calado, ali, olhando-me em silêncio.


Apenas assenti: "para mim é tudo quanto desejo:
voar e sonhar ... que os ventos me sejam pacíficos !"

O homem parece ter compreendido.
Afastou-se, levantou o bastão e desapareceu.


Acto contínuo, as minhas asas começaram a abrir-se ... *


António Cardoso Pinto

TOURO DE MORTE



Cego de medo e dor, ele nada vê.


Confuso e humilhado, o bicho é cego...

Roubam-lhe a liberdade, o aconchego

De amar a vida sem saber porquê...


Corre o sangue no dorso. Já não é

Da natureza o seu desassossego...

Da vida que viveu com estranho apego

Pressente o culminar... [Olé,olé!]


O público, em histeria colectiva,

Estremece inebriado e grita: -Viva!

Mas é morte que quer e a morte vem...


Ajoelhou o touro e vai morrendo

E eu, que nada fiz mas compreendo,

Ajoelho com ele, morro também...


Olé...

Maria João Brito de Sousa
 
"Entrego-me"


A Ti que sopras suavemente
sobre os campos de jóio,
numa serenata de vagalumes
sob a sombra cansada
feita pedaços de sonho vivo...
...em Amor

E aos teus cabelos que perfumam,
aos teus lábios que sorriem,
aos teus olhos que dançam,
e à vida que a tua brisa
torna mais colorida,
a Ti entrego-me...

António Carlos Santos