Mãos em desabafos
 
 Raspei as mãos no chão
 Queria sentir dor
 Raspei no pó do alcatrão
 Pó de pedra, louco ardor
 Raspei e me libertei em sangue
 Rio correndo pelas veias
 Fruto sem casca... Lande
 Seiva de desespero em minhas tareias
 Raspei as mãos em pedra dura
 Ferida em gritos de agonia
 Raspei as mãos nas dores sem cura
 Feridas de noite e de dia
 Minhas mãos... Cintilantes
 Mãos de medo... Trémulas
 Raspadas pela revolta, em pedras brilhantes
 Mãos ingénuas...
 Mas triunfantes
 Raspei as mãos no chão onde moro
 Raspei as mãos onde imploro
 Onde peço... 
 Onde raspo se mereço
 As mãos do meu sofrimento
 Mãos que escrevem
 Mãos que são meu alimento
 Mão que não temem
 Raspadas pelo tempo
 Nas pedras do chão da vida
 Mãos que ao relento
 Escrevem desabafos sem medida
 Minhas mãos...
 Raspadas em escrita
 Prosas e poesia... Irmãos
 Das mãos... 
 De quem grita
 
 José Alberto Sá
 
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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