domingo, 26 de fevereiro de 2012

Mãos em desabafos

Raspei as mãos no chão
Queria sentir dor
Raspei no pó do alcatrão
Pó de pedra, louco ardor
Raspei e me libertei em sangue
Rio correndo pelas veias
Fruto sem casca... Lande
Seiva de desespero em minhas tareias
Raspei as mãos em pedra dura
Ferida em gritos de agonia
Raspei as mãos nas dores sem cura
Feridas de noite e de dia
Minhas mãos... Cintilantes
Mãos de medo... Trémulas
Raspadas pela revolta, em pedras brilhantes
Mãos ingénuas...
Mas triunfantes
Raspei as mãos no chão onde moro
Raspei as mãos onde imploro
Onde peço...
Onde raspo se mereço
As mãos do meu sofrimento
Mãos que escrevem
Mãos que são meu alimento
Mão que não temem
Raspadas pelo tempo
Nas pedras do chão da vida
Mãos que ao relento
Escrevem desabafos sem medida
Minhas mãos...
Raspadas em escrita
Prosas e poesia... Irmãos
Das mãos...
De quem grita

José Alberto Sá
 

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