quinta-feira, 19 de abril de 2012

BIOGRAFIA

Dentro de mim emerge
a eterna criança que sou,
nascida com memórias
e trazendo no cordão umbilical
um saco cheio de palavras.

Nunca me escondi
dos ecos prevalecentes
nem das águas
revoltas das serranias.

Nasci com um punho fechado
no lugar da alma,
um grito
em forma de gume
e uma canção
trauteada pelo coração.

Nasci no tempo em que o tempo
ainda não tinha nascido,
fui prematuro nas vontades
e na consciência,
fui um parto
segregado de mais-valias.

E fui pão,
sombra
e alento,
fui menino
que se eternizou
num tempo maior.

Tenho uma auréola luminescente
que me giza as sílabas,
tenho nos dedos um cinzel
com que esculpo as palavras,
tenho fogo e água nas mãos…

Tenho poemas que não são versos.


© Francisco Valverde Arsénio
 

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