domingo, 15 de abril de 2012

TOURO DE MORTE



Cego de medo e dor, ele nada vê.


Confuso e humilhado, o bicho é cego...

Roubam-lhe a liberdade, o aconchego

De amar a vida sem saber porquê...


Corre o sangue no dorso. Já não é

Da natureza o seu desassossego...

Da vida que viveu com estranho apego

Pressente o culminar... [Olé,olé!]


O público, em histeria colectiva,

Estremece inebriado e grita: -Viva!

Mas é morte que quer e a morte vem...


Ajoelhou o touro e vai morrendo

E eu, que nada fiz mas compreendo,

Ajoelho com ele, morro também...


Olé...

Maria João Brito de Sousa
 

1 comentário:

  1. Muito obrigada! Que todo o possível protagonismo, aqui, seja dos magníficos animais que são os toiros!
    Enorme abraço!

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