O MAR
 Encantador de malvadez 
 Este mar que vos atrai, pudera, também a nós 
 Malvado, que tantos leva, tem levado, para si.
 Que um caxineiro, se ao mar está votado, desde
 Logo lhe pertence, mal nasce, até que deste mundo
 Se vai e, não é sina, mais forte ainda, intrínseco, umbilical.
 Muitos de vós tendes procurado outra sorte, mudar destino
 Virando se para futebol, contrariando elementos, locais
 Numa fuga, por demais infrutífera, desta gente, de mar feita
 Tão cansada de lutos, tentando evitar, a que preço
 O mar, seus inúmeros perigos, a dureza – imensa, da sua lida.
 Miro, um jovem, entre tantos, que procurou, tentou
 Nos campos do chuto na bola, não renegando suas raízes, nunca
 Deixar, fugir de ti, mar( não de sua terra), que, no seu vai e vem
 Parece chamar os jovens, vizinhos, tal como sereia, com seu canto
 A todos tenta encantar, levando os até si, sabendo de antemão
 Quem a(o) irá servir, por mais que tente afastar se, egoísta este mar.                     
 Malvado mar, que de tão belo, iludes, seduzes, levando tantos
 Destes moços e outros, para sempre, deixando famílias órfãs
 A morrer de saudade e lamento, por quem lhes vai roubando.
 Malvado mar, tanto nos dás, ai, a que preço, de dor de caxineiros
 Das lágrimas que não secam, em ânsia que não pára, em levá los
 Egoísta, obcecado no negro, com que teimas em vestir, marginal
 As gentes, que, dia após dia, esperam que permitas (esqueças),
  Que os seus voltem saudáveis, prontos a honrar te, em dias seguintes.
 Miro, que quiseste outro destino traçar, impossível de tarefa hercúlea
 Sim, não se te pode negar intenção, vontade de alterar, mudar destino
 Não foste capaz, este malvado mar, não to permitiu, não conseguiste.
 E, para sempre, este, irado por tuas tentativas, louco de ciúme
 Se não conseguiu reter te, em prece a outro (irmão em vontade)
 Se socorreu, longe, tão longe de Caxinas e te levou, te reclamou
 (Nesta sua irracional vontade) te levou, de seus, não te devolveu: para sempre!
Luís Gomes Pereira
 
 Caxinas, 7 de Julho de 2011     homenagem a Miro (Belmiro Graça)  e 
seus familiares, pescador caxineiro, com quem tive a honra e prazer de 
viver, colegas de futebol, uns meses de minha vida.
 OBRIGADO descansa em paz.
 
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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