quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O MAR

Encantador de malvadez


Este mar que vos atrai, pudera, também a nós

Malvado, que tantos leva, tem levado, para si.
Que um caxineiro, se ao mar está votado, desde
Logo lhe pertence, mal nasce, até que deste mundo
Se vai e, não é sina, mais forte ainda, intrínseco, umbilical.
Muitos de vós tendes procurado outra sorte, mudar destino
Virando se para futebol, contrariando elementos, locais
Numa fuga, por demais infrutífera, desta gente, de mar feita
Tão cansada de lutos, tentando evitar, a que preço
O mar, seus inúmeros perigos, a dureza – imensa, da sua lida.
Miro, um jovem, entre tantos, que procurou, tentou
Nos campos do chuto na bola, não renegando suas raízes, nunca
Deixar, fugir de ti, mar( não de sua terra), que, no seu vai e vem
Parece chamar os jovens, vizinhos, tal como sereia, com seu canto
A todos tenta encantar, levando os até si, sabendo de antemão
Quem a(o) irá servir, por mais que tente afastar se, egoísta este mar.
Malvado mar, que de tão belo, iludes, seduzes, levando tantos
Destes moços e outros, para sempre, deixando famílias órfãs
A morrer de saudade e lamento, por quem lhes vai roubando.
Malvado mar, tanto nos dás, ai, a que preço, de dor de caxineiros
Das lágrimas que não secam, em ânsia que não pára, em levá los
Egoísta, obcecado no negro, com que teimas em vestir, marginal
As gentes, que, dia após dia, esperam que permitas (esqueças),
Que os seus voltem saudáveis, prontos a honrar te, em dias seguintes.
Miro, que quiseste outro destino traçar, impossível de tarefa hercúlea
Sim, não se te pode negar intenção, vontade de alterar, mudar destino
Não foste capaz, este malvado mar, não to permitiu, não conseguiste.
E, para sempre, este, irado por tuas tentativas, louco de ciúme
Se não conseguiu reter te, em prece a outro (irmão em vontade)
Se socorreu, longe, tão longe de Caxinas e te levou, te reclamou
(Nesta sua irracional vontade) te levou, de seus, não te devolveu: para sempre!
Luís Gomes Pereira

Caxinas, 7 de Julho de 2011 homenagem a Miro (Belmiro Graça) e seus familiares, pescador caxineiro, com quem tive a honra e prazer de viver, colegas de futebol, uns meses de minha vida.
OBRIGADO descansa em paz.
 

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