sexta-feira, 30 de março de 2012

Sombra
Descem à montanha
As cores do Inverno
Sobranceiras melodias
Enchem as levadas
Metálicos os traços
Riscam no ar
A nova silhueta

(Dissolve-se na neve
Que derrete
Enquanto a montanha chora)

Que é da cúpula
Onde adormece?
Que é do resguardo
Onde se esquece?
Que é do remate
Do seu corpo?
Que é de todos
Lá fora?

Já o sol se põe
E ela sem saber
Onde descansar o corpo
Já a noite chega
Rival da sua sombra

Estivais outonos
Que lhe ensinam
A separar as águas
Enquanto na terra
Amadurecem os frutos

Já o dia começa
Estigma do seu saber
A encolher-se
Perante a hecatombe
Dum raio de sol
Partido pela metade

Todo o sonho nasce
A preto e branco
E se faz luz crescente
Nos seus olhos

Sombra inquieta
Adormecida na montanha
Gelo dos seus medos
Inverno dos seus dias
Ressequidos

Tudo é mudança
A acontecer na tela
Onde se esquece

(Sombra
Um eu que termina
Um outro que começa)

(Dolores Marques)
 

1 comentário:

  1. A estrada da vida é uma constante
    com impulsos variados de mudança
    mas haverá sempre uma variante
    Vista por nós, de sonho e ESPERANÇA.

    Gostei deste "ABRIGO"

    Um abraço fraterno

    ARFER

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