quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

NAUFRÁGIO

Ergue-se a recordação da tempestade
E sobre mim chovem frias as lembranças

Cubro de rosas vermelhas
A minha própria tumba

Os pássaros bateram asas
Em debandada para o sul

Consumo-me no tempo
Naufrago de mim mesmo

Na hora do naufrágio lembro-me do beijo
Como um farol de promessa de sobrevivência

Sou náufrago da minha ansiedade
Promessa de minha embriaguez

Perdido na neblina nas muralhas de sombra
Caminho para além do desejo

Tu és a mulher que eu amei, e a que eu perdi
E é a ti nesta hora que evoco a ternura

É negra a solidão neste planalto, e é a ti
Mulher de amor que devo a ternura dos braços que me acolheram

Era sede e fome que sacias-te
Desventura que venturas-te

Mulher terra da tua alma
Cruz do meu pecado

Desfilam beijos pelas campas
E pássaros debicam uvas maduras

Beijos que mordem nos dentes famintos
Dos corpos entrelaçados

Foste meu destino e nele viajo
Naufrago de vontade

Marinheiro agarrado ao leme do navio

Já parti do cais da madrugada
Já se foi aquela estrela

Que os meninos de Trindade Coelho perseguiam….
Eh…! Boieira…..! Eh Boieira…!
…… Quando voltas

Zé Maldonado

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