quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O MEU ALENTEJO


O MEU ALENTEJO
 O Alentejo está-me na alma e no coração… sou uma mulher de fortes raízes alentejanas: quando chego ao Alentejo, começo logo a falar alentejano. É algo que não consigo controlar porque me faz sentir que lhe pertenço e dava muito de mim para acabar os meus dias na pequena aldeia de Minas de S. Domingos, onde nada acontece mas tudo tem significado. Onde se dá valor a tudo ainda que esse tudo seja quase nada…Em “O AMARGO E DOCE SABOR DA VIDA” escrevi: «Os dias eram todos lentos e diferentes: ontem nasceu mais um filho, hoje a burra teve mais uma cria, o sol nascia sorridente e era a fertilidade e as crianças que cresciam livres e felizes portadoras de sadia ingenuidade... Quem batesse à porta podia sempre entrar, nunca se perguntava quem tinha sido, mas sim quem era; todos eram bem recebidos entre todos. Dias feitos de coisas simples e pequenas, algumas com mais, outras com menos importância; mas as pessoas vivam felizes, tratando-se com dignidade e respeito mútuo. As noites eram sempre estreladas e quentes, dormia-se de porta aberta, convidando assim a Lua a entrar e testemunhar os sonos calmos e silenciosos. Madrugada ainda, os homens partiam. Gasómetro e marmita com o magro almoço, constituíam ferramentas essenciais. Trabalhavam nas minas e todos dependiam dela. Alguns perdiam ali a vida deixando viúvas e famílias numerosas, enquanto outros encontravam ali o sustento para todos os seus rebentos que teimavam em crescer felizes. E era assim a vida daqueles aldeões.»
Ser alentejana é portanto uma das coisas de que me orgulho particularmente. Afinal, foi lá que tudo começou: a minha vida e o meu gosto pela escrita. Hoje, passado mais de meio século da minha existência, creio ter atingido aquela idade em que já nada me surpreende: nem o falso, nem o bizarro, embora não lhes ache graça alguma… apenas o meu Alentejo não me desilude.
Com o Alentejo no coração surgiu o “O AMARGO E DOCE SABOR DA VIDA, “MATILDE, CARLOTA E JULIANA” e “NO DORSO DO VENTO”. É pois a continuidade da minha actividade como escritora e dentro de um universo narrativo muito próprio, continuarei, ao sabor da pena, dando palavras às minhas imagens e limpando a alma.
O pintor suja o corpo, as mãos, mas limpa a alma. Eu faço-o, escrevendo.

Alice Ruivo

3 comentários:

  1. Meus amigos. Quero antes de mais felicitar-vos por tão magnifica ideias. Um blog.Gosto de tudo o que já foi publicado e na qual eu me incluo. Muito obrigada. É bom ser acolhida neste Abrigo que faz questão em nos acolher e beijar através da amizade e da poesia.
    Um beijo para todos.

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  2. Obrigada, Alice!!!
    É um privilégio para nós termos-te como nossa seguidora fiel e amiga.Já fazes parte da "família". Beijos

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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