O MEU ALENTEJO

O
Alentejo está-me na alma e no coração… sou uma mulher de fortes raízes
alentejanas: quando chego ao Alentejo, começo logo a falar alentejano. É
algo que não consigo controlar porque me faz sentir que lhe pertenço e
dava muito de mim para acabar os meus dias na pequena aldeia de Minas de
S. Domingos, onde nada acontece mas tudo tem significado. Onde se dá
valor a tudo ainda que esse tudo seja quase nada…Em “O AMARGO E DOCE
SABOR DA VIDA” escrevi: «Os dias eram todos lentos e diferentes: ontem
nasceu mais um filho, hoje a burra teve mais uma cria, o sol nascia
sorridente e era a fertilidade e as crianças que cresciam livres e
felizes portadoras de sadia ingenuidade... Quem batesse à porta podia
sempre entrar, nunca se perguntava quem tinha sido, mas sim quem era;
todos eram bem recebidos entre todos. Dias feitos de coisas simples e
pequenas, algumas com mais, outras com menos importância; mas as pessoas
vivam felizes, tratando-se com dignidade e respeito mútuo. As noites
eram sempre estreladas e quentes, dormia-se de porta aberta, convidando
assim a Lua a entrar e testemunhar os sonos calmos e silenciosos.
Madrugada ainda, os homens partiam. Gasómetro e marmita com o magro
almoço, constituíam ferramentas essenciais. Trabalhavam nas minas e
todos dependiam dela. Alguns perdiam ali a vida deixando viúvas e
famílias numerosas, enquanto outros encontravam ali o sustento para
todos os seus rebentos que teimavam em crescer felizes. E era assim a
vida daqueles aldeões.»
Ser alentejana é portanto uma das coisas
de que me orgulho particularmente. Afinal, foi lá que tudo começou: a
minha vida e o meu gosto pela escrita. Hoje, passado mais de meio século
da minha existência, creio ter atingido aquela idade em que já nada me
surpreende: nem o falso, nem o bizarro, embora não lhes ache graça
alguma… apenas o meu Alentejo não me desilude.
Com o Alentejo no
coração surgiu o “O AMARGO E DOCE SABOR DA VIDA, “MATILDE, CARLOTA E
JULIANA” e “NO DORSO DO VENTO”. É pois a continuidade da minha
actividade como escritora e dentro de um universo narrativo muito
próprio, continuarei, ao sabor da pena, dando palavras às minhas imagens
e limpando a alma.
O pintor suja o corpo, as mãos, mas limpa a alma. Eu faço-o, escrevendo.
Alice Ruivo
Meus amigos. Quero antes de mais felicitar-vos por tão magnifica ideias. Um blog.Gosto de tudo o que já foi publicado e na qual eu me incluo. Muito obrigada. É bom ser acolhida neste Abrigo que faz questão em nos acolher e beijar através da amizade e da poesia.
ResponderEliminarUm beijo para todos.
Obrigada, Alice!!!
ResponderEliminarÉ um privilégio para nós termos-te como nossa seguidora fiel e amiga.Já fazes parte da "família". Beijos
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