terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

nas areias do teu canto encontrei o teu lamento.
perguntei-te porque choras,
porque sofres porque entregas

nas marcas da areia borbulham teus pés sofridos
como anémonas delirantes num mar acorrentado
deslize de algas no corte cirúrgico de uma pedra
e nos búzios sonoros em limos traiçoeiros
encontrei a resposta ao teu sinal desaparecido.

foram-se os peixes da costa e o sal do mar ondulado
e nessas águas turvas banhas teus olhos vazios

Caminhas errante e devagar como quem sorri com desencanto

e abraças o mundo e as pessoas em ondas de um sentir que já não tens

não estás em ti nem em ninguém

calcorreias o areal imenso
que manda as algas descansarem teus pés sofridos
de um incessante caminhar
e manda aos búzios que limpem da areia as conchas que te pudessem ferir

persegues esse caminhar sem vida, eivado de dor e desencanto
e não desistes de sofrer, de apanhar na alma as tempestades vulcânicas do oceano profundo.

não sofres por amor. é por amor que sofres.
e nos ditames da razão, deixas que um esgar de alma diga a todos os que
  não percebem em ti essa intrépida insistência,
que só fazes caminho se ele for genuíno,
mas que ainda não encontraste caminhos mais suaves.

quem te poderá pedir que pares, que te ausentes dessa dor,
dessa entrega, desse amor?

respondes com o vento trágico sobre as árvores que não derrubou
e indicas o sol em cada amanhecer

esse caminhar é intenso e doloroso, sem fim nem garantia
e sempre que ouves os risos de felicidade
outra chama se apaga num fogo que se acende
em teimosas alegrias de um dia por nascer.

Daniel Cândido




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