terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carnaval

Máscara coberta,
Alma a nu com medo de ser…
Fogo de penas, laços sem nome, presenças a humedecer.
Amantes escondidos, tecidos de ar.
Descubro-me ao chegar.
Movo-me entre mim, de mim para mim.
Navego em odisseias de óperas.
Óperas de amores perdidos,
Personagens despidos.
Entre rios de algas verdes,
Calçadas de pedras na pele,
Existimos juntos num carrocel…
Cores galopam dentro de mim, saltam do céu
e soltam o que não sou.
Clamam o que não chegou.
Constroem caminhos imaginados,
Pelo caminho arquitectados.
Danças no deserto húmido de sons,
Mãos no vazio da falta de outras pegadas,
Lenços de gesso no rosto, emoções obnubiladas.
Traços marcados, fechados em copas: rosto de segredos.
Saudades galgadas em penedos.
Olhar perdido, vazio, furado
Pelos (não) sonhos perfurado.

A dança, de novo: baile de máscaras.
Pessoas sem contornos, ofuscantes adornos.
Em fugas teimosas, ansiosas.
Bailes de almas sem nome,
Música, acordes, pés sem rasto, no que se some.
Vestidos calcados, pisados, desejados.
Pernas trôpegas na sofreguidão onírica.
Mascarilha lírica.
Plumas amantes, beijos cortantes pedidos por bocas invisíveis.
Identidades sem permissão,
Vozes cantadas em oração.
Sapatos de cristal, luva de cor descarnada,
Tal pomba branca, em beijos ao pescoço, lançada.
Ana Santos


1 comentário:

  1. Um belo bailado de máscaras
    em fantasia personificadas...
    Parabéns à autora! :)

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