Ergue-se a recordação da tempestade
E sobre mim chovem frias as lembranças
Cubro de rosas vermelhas
A minha própria tumba
Os pássaros bateram asas
Em debandada para o sul
Consumo-me no tempo
Naufrago de mim mesmo
Na hora do naufrágio lembro-me do beijo
Como um farol de promessa de sobrevivência
Sou náufrago da minha ansiedade
Promessa de minha embriaguez
Perdido na neblina nas muralhas de sombra
Caminho para além do desejo
Tu és a mulher que eu amei, e a que eu perdi
E é a ti nesta hora que evoco a ternura
É negra a solidão neste planalto, e é a ti
Mulher de amor que devo a ternura dos braços que me acolheram
Era sede e fome que sacias-te
Desventura que venturas-te
Mulher terra da tua alma
Cruz do meu pecado
Desfilam beijos pelas campas
E pássaros debicam uvas maduras
Beijos que mordem nos dentes famintos
Dos corpos entrelaçados
Foste meu destino e nele viajo
Naufrago de vontade
Marinheiro agarrado ao leme do navio
Já parti do cais da madrugada
Já se foi aquela estrela
Que os meninos de Trindade Coelho perseguiam….
Eh…! Boieira…..! Eh Boieira…!
…… Quando voltas
Zé Maldonado
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