Tuas lágrimas estão encobertas
No meio desse chuvisco
Mas para mim elas são certas
Conheço-te e assim eu arrisco
É assim o teu desabafar
Por alguém de quem gostavas
Vais continuar a chorar
Pois a ele tu bem amavas
Mas o tempo está a passar
E continuas a chover
Nesse belo lacrimejar
Que em ti tu não queres ver
Chora assim ó minha vida
Chora por quem de ti partiu
É assim esta vida sentida
Que ele em ti bem o sentiu
Mas ao mesmo tempo tem alegria
Porque ele agora está em Deus
Aos anjos com sua maestria
Ele lhes dá trabalhos seus
Começou com oito anos apenas
A alegrar os seus ouvintes
Eles no ar punham as antenas
E de mais eram pedintes
Ouviam-te e idolatravam-te
Quando tocavas o carrilhão
Na execução eles amavam-te
Eras um músico de eleição
Foste embora para Lisboa
E aqui ficou a tristeza
Já a música não era tão boa
Faltava a tua subtileza
E quando tocavas sozinho
O trompete e o acordeão
Pediam mais um bocadinho
Mas que grande sensação
Depois ouviram-te tocar
Na nossa Televisão
Vieram a correr dar
Essa nova, que paixão
Estava tudo apaixonado
Por aqui, nas redondezas
Um instrumento bem tocado
Para o ouvido são belezas
Não era fácil de se ouvir
Tocar dois instrumentos
E na harmonia sentir
A melodia dos momentos
Era assim que tu tocavas
Para quem gostava de ouvir
A música tu amavas
Era o teu grande sentir
Armindo Loureiro – 26/12/2011