“ NOTURNO - II “
Não fales, não digas nada,
Dos teus olhos, negro olhar,
Durmo com a luz apagada,
Pela tua posso esperar;
Vê se deixas de passar
À noite pela torre alta,
Não vá o sino dobrar,
À hora que me faz falta
E aqui me roubar a esperança
Do que está visto, sem ver,
Mesmo antes de já saber,
Que a minha alma só descansa
Quando um dia florescer,
Como esta lua a fulgir,
Como este sol a fingir,
Que é o dia a adormecer,
Pois tu não ouves, não sentes,
Teu expiar dentro de mim,
Que ele nem há piares assim,
Tão pios como tu mentes ?...
É belo o dia, não sentes ?...
E tem cores que nos encantam
E outras aves de asas quentes,
Que quando não voam cantam.
Tu não dormes e aqui estancas,
Olhos rasgos de mortalhas,
Ao longe és um Deus me valha,
Mais perto tens penas brancas;
Ó Coruja dos meus versos,
Ó alada, mal nascente,
Que aqui me espancas à noite,
Com o teu piar perverso,
Quem te vê que não te veja
E pelo pouco mais que sei,
Vê lá se mudas de Igreja,
Que eu chamar-te, não chamei !
Carlos A. N. Rodrigues
Lindo, lindo! Hoje estou meia "anestesiada" da viagem ao hospital, mas adorei este poema!
ResponderEliminarAbraços para todos os amigos e amigas do Abrigo!
Belo...
ResponderEliminarE faço uma associação entre a semântica da coruja e um dado estado de alma. Em comum, a noite e tudo o que pode evocar de belo ou tremendo!
Parabéns ao autor! :)